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Jun15
Viagem do Coração dos Pássaros, de Possidónio Cachapa
Patrícia
Uma capa maravilhosa, uma sinopse cheia de elogios previa um livro doce. O título doce (esqueci-me que o abutre também é um pássaro), a edição cuidada, a letra grande e alguns pormenores visuais e maravilhosos levaram-me ao engano.
Estava a precisar ler algo leve, doce, belo. Li de uma leva metade deste livro e rendi-me à sua beleza, à poesia da escrita, às personagens, às histórias dentro da história (e o que eu gosto de histórias dentro de histórias?). A Kika encantou-me cedo, achei-a uma personagem brutal e com enorme potencial. Gostei também imenso de Evangelina e do Fura-mundos. Mas depois, sem aviso, veio o final abrupto, desencantado, irritantemente seco.
E o que podia ter-se tornado uma leitura doce e bela ou uma leitura pujante (caso o autor tivesse desenvolvido mais a linha negra) num mergulho denso e tenebroso na dualidade do bem e do mal, do feio e do belo, do amor e do ódio, tornou-se uma leitura breve e pouco memorável. O que é pena, porque a história tem imenso potencial, a escrita também mas, por algum motivo, não funcionou.