Uns meses sem facebook
A primeira coisa que tenho a dizer é: sobrevivi.
A segunda é que a minha qualidade de vida aumentou. Muito.
Parte do ruído que estava a dar comigo em doida desapareceu e, confesso, não lhe senti a falta uma vez.
A única coisa menos boa neste meu abandono das redes sociais foi que deixei de conseguir participar ou ter conhecimento do que se passa nos muitos grupos de livros. E apesar de ter sempre a hipótese de voltar, em nome próprio ou criando uma conta apenas para os livros (que foram aquilo que nos últimos anos me mantinha online), quando brinco com a ideia percebo que não o vou fazer. Não quero. O que perderia seria infinitamente superior ao que iria ganhar.
E não, não tenho medo dos russos. Não é essa falta de privacidade que me incomoda (depois de tantos anos e tantas redes sociais seria um bocado estúpido preocupar-me nesta altura do campeonato). A falta de privacidade que me incomodou e que me fez desactivar a conta foi a existente entre os meu "amigos" e "conhecidos".
Por um lado, deixei de publicar e partilhar pensamentos e opiniões porque deixei de ter paciência para as respostas e discussões parvas. Depois, as ligações e ramificações das teia criadas pelos contactos fizeram ficar desconfortável com determinadas partilhas - prezo muito a minha privacidade.
Por outro lado e quicá o mais importante: percebi que não gostava de muitas pessoas que antes considerava amigas. Descobri que não consigo nem quero manter perto de mim pessoas que têm valores tão distintos dos meus. E todos sabemos que as redes sociais potenciam o que de melhor e de pior temos. Se por um lado permitem a que tantas pessoas se reinventem, por outro lado essa reinvenção acaba por nos mostrar uma pessoa tão diferente da que a conhemos que ficamos com dúvidas sobre quem é quem. E eu precisei afastar-me... é que, às vezes, a ignorância é uma benção.