01
Fev15
Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares
Patrícia
Marius, um homem em permanente fuga, ajuda uma menina na busca pelo seu pai. São os vários fragmentos dessa busca que, tal como os cartões da caixa de Hanna, nos conduzem ao longo do livro. Várias são as personagens memoráveis neste livro. O homem que faz parte de uma família que pretende formar um exército obrigando-nos a parar, a baixar o ritmo e olhar com olhos de ver para o que nos rodeia ou o artista que esconde palavras e frases num só ponto são apenas alguns deles. A mim impressionou-me o casal dono de um hotel, com uma geografia muito especial: os quartos não tinham número, tinham nome de campo de concentração e estavam dispostos geograficamente como os campos de concentração no mapa.
Sem uma história linear, sem princípio nem fim, este livro levanta mais questões do que aquelas a que responde. Acabo de ler o livro e fico com asensação de que precisava de o ler mais uma ou duas vezes para descobrir os segredos, os sentidos escondidos naquelas páginas. Tenho vontade de me sentar em frente ao Gonçalo M. Tavares e de lhe perguntar o que é que Hanna disse a Marius e qual é, afinal, o segredo de Marius ou que me conte a história do velho que no quarto apenas tinha coisas com um peso igual à metade de seu próprio peso. Aliás gostava que ele me contasse a história de todos aqueles personagens fascinantes.
Há livros que me deixam com uma sensação de deixei passar alguma coisaou de que me falta conhecimentos ou sensibilidade para perceber o porquê de determinadas escolhas. Este é um deles. Apesar disso (ou também por causadisso) gostei de ler este livro com um nome e uma capa fantástica.