um género de final
O ano acaba mas ainda há tempo para alguns balanços. Os bons, claro. Quantos livros lemos? De quantos desistimos? Teremos atingido os objectivos a que nos propusemos no início do ano? É tempo de olhar para o objectivo do goodreads e sorrir porque a app nos diz que o atingimos. Ou porque ficámos perto o suficiente,
Mas que não nos esqueçamos de fazer as perguntas importantes: tornei-me uma melhor pessoa? Cresci? Fui gentil, empática? Tornei o meu mundo (e o dos outros) um bocadinho melhor? Fui feliz? Fiz alguém feliz? Estou em paz?
E que todos aqueles para quem 2023 não foi simpático, que este seja um tempo de esperança renovada e que só o facto de virar a página de um calendário ajude a respirar um bocadinho melhor.
Mas voltemos aos balanços. Este é, afinal, um blog sobre livros. E de livros, falemos.
Quando olho para os números do goodreads vejo que atingi um muito respeitável número de livros lidos (mais um outro meio lidos mas esses não contam) e no entanto sinto que este não foi um bom ano de leituras em termos de quantidade. Houve alturas em li imenso e muitas outras em que não tive energia para pegar num livro, em que procrastinei, em que preguicei. E é, acima de tudo, esse o sentimento que fica - que não li, nem de perto nem de longe, aquilo que devia, que queria, que podia ter lido.
Passei demasiado tempo a ver más séries de TV, demasiado tempo nas redes socias e pouco tempo mergulhada nas páginas de um livro.
Mais que números (há livros que se leem facilmente num dia, outros que nos desafiam durante semanas - os números absolutos não significam nada) é a esse sentimento a que almejo - sentir que sou leitora a sério, que me torno (a cada livro) numa leitora mais completa e sentir que me diverti a ler. É tão bom estar abolutamente embrenhada num livro. É esse o meu objectivo. Quero lá saber se leio muitos ou poucos livros.
Não me queixo da qualidade de livros que li este ano, apesar de algumas desilusões, li livros que me marcaram. Educated/Uma educação, de Tara Westover; Pátria, de Fernando Aramburo; A história de Roma, de Joana Bértholo; Os Memoráveis, de Lídia Jorge; As Primas, de Aurora Venturini; Rapariga, Mulher, Outra, de Bernardine Evaristo; A menina Invisível, de Rita Cruz ou o Um cão no meio do caminho, de Isabela Figueiredo fizeram o meu ano melhor.
Olho para a lista de livros que li e vejo mais escritos por mulheres, mais livros de escritores portugueses e fico feliz por saber que isso aconteceu de forma natural, com consciência mas sem esforço.
Ainda acabarei mais dois livros este ano: o Revolução, de Hugo Gonçalves e Coraline, de Neil Gaiman. Estou quase a terminar ambos e posso dizer desde já que vou acabar o ano de leituras em grande, ambos são excelentes.