O último Livro, A biblioteca e o Escritor-fantasma, de Zoran Živković
Dos três livros de Zoran Živković que li este verão, o meu favorito foi o livro de contos, A Biblioteca. Não sei se chamar-lhe livro de contos será o mais adequado uma vez que, na verdade, cada conto trata-se de um conto-mosaico que, podendo ser lido de forma individual, faz parte de uma imagem maior.
Zoran Živković é, claramente, um escritor amante de livros e é inevitável que a primeira abordagem aos seus livros seja de espantosa alegria. Nós leitores somos muito facilmente atraídos para textos que expressem o nosso amor pelos livros e pela literatura.
Para além de transformar sempre o livro num personagem o escritor o elemento fantástico está presente para nos obrigar a continuar a ler.
Depois de ter lido estes livros nunca mais pensarei da mesma forma sobre o inferno (eu quero muito ir para o inferno do Živković, onde se lê para toda a eternidade) ou entrarei da mesma forma numa livraria (nunca se sabe se por lá está o último livro). E nunca, mas nunca quererei beber chá de figo.
Estes livros também têm alguns “problemas”. A previsibilidade, por lado. A pouca densidade de alguns personagens, por outro. Aconselho-os sobretudo a jovens leitores, parecem-me perfeitos para criar leitores (e ao contrário de muito bom livro que por aí anda, estes estão muito bem escritos) ou a quem quer passar umas horas a ler algo leve.
Uma chamada de atenção para as capas destes livros. São maravilhosas.