10
Ago14
Revolução Paraíso - Paulo M. Morais
Catarina
Ainda não tinha nascido quando se deu o 25 de Abril? Devia ler este livro.
Já tinha nascido quando se deu o 25 de Abril? Devia ler este livro.
Muito, muito bom logo a começar pelo título. Não dá lições de moral nem opiniões, é o relato da época contada nas notícias dos jornais.
Verdade que tive que fazer uma cábula com uma linha cronológica para não me perder com tanto golpe de estado, generais e almirantes, siglas, partidos políticos e paraquedistas em queda livre, mas se tinha apenas uma vaga ideia do que se passou na altura agora até já sei o que quer dizer e quando foi o PREC (viva o google)
Temos dois velhotes amigos de longa data, Adamantino Teopisto e César Precato (que nomes do catano), fãs do Eça de Queirós, com o seu próprio jornal que querem contar o lado humano da revolução. Temos ainda a fiel secretária, o sobrinho que quer ser jornalista mas não escreve duas linhas, a estagiária que em vez de notícias só escreve a sua opinião, o tasqueiro Inocêncio nada inocente, o chulo a quem a revolução dá cabo do negócio, a prostituta com nome de fadista fascista, o ex-pide que continua a aterrorizar quem se mete no seu caminho e um Adão alucinado.
Todas estas pessoas se movimentam em duas ou três ruas do Cais do Sodré enquanto se dá a revolução e é toda uma novela histórica muito bem contada.
E a Eva pá? Uma mulher de letras! Todas as conversas no sótão são simplesmente deliciosas.
Ficamos também a saber que há coisas que não mudam: CP e Carris em greve, e “quase metade dos 250 deputados da Constituinte ou não compareceu em S. Bento ou desertou pouco depois de responder à chamada e de garantir o pagamento das ajudas de custo”. São chulos e não é de agora.