A Desobediente - Biografia de Maria Teresa Horta , de Patrícia Reis
Para que uma biografia seja interessante é tão necessário que a biografada seja interessante como que a biógrafa saiba contar uma história. Atrevo-me até a dizer que o talento da biógrafa é mais importante, apesar de não ser suposto que esta transforme a biografada em algo que não é. Neste caso, e na minha opinião, temos ambas as situações: a vida e obra de Maria Teresa Horta é fabulosa e a Patrícia Reis sabe contar uma história. Além de que se sente amor nestas páginas.
Acho que é mais ou menos do conhecimento geral (pelo menos na minha geração) de que Maria Teresa Horta é uma das Três Marias, mulheres que ousaram ser livres quando não era propriamente indicado, apropriado ou seguro sê-lo. E na verdade pouca gente, que não do meio da escrita, conhece a vida e obra de Teresa. E isso é de uma injustiça gritante que esta biografia tenta colmatar.
A vida de MTH é bastante interessante e a forma como a sua vida nos é contada, não de uma forma completamente linear, é absolutamente brilhante. A leitura deste livro torna-se viciante.
Mas o mais importante de tudo foi conhecer esta mulher. Que vendaval e que importante foi. Ainda hoje as atitudes, a personalidade e convicções de Maria Teresa Hora seriam um escândalo, antes do 25 de Abril de 74, eram sinónimo de uma coragem e de uma inteligência imensa. E tanto temos que agradecer a estas mulheres. Conhecer a sua vida é o mínimo. Ao longo do livro é dito várias vezes que Maria Teresa tem a convicção que ser e assumir-se como feminista terá sido a razão para ter sido tantas vezes preterida, esquecida. Não duvido. Não duvido mesmo. As pessoas incómodas (especialmente as mulheres incómodas) tendem a ser ignoradas quando não podem ser derrotadas.
Tenho vários livros da Maria Teresa Horta e não duvido que serão das minhas próximas leituras - e sim, é uma promessa.