Lobo Solitário, de Jodi Picoult
Há alturas em que a leitura se arrasta, em que a concentração não nos permite ler nada de muito exigente e que só nos apetece pegar num livro daqueles para ler de uma ponta à outra sem pensar muito no que se está a fazer. Os livros da Jodi Picoult são assim. Sempre com um tema central mais ou menos polémico. E na verdade não sou fã da escritora. Gostei do No Seu Mundo, que se debruça sobre o síndrome de asperger mas foi penoso acabar de ler os restantes livros da escritora que me passaram pelas mãos. Ainda assim, e porque os livros têm razões que a razão desconhece, resolvi pegar neste "Lobo Solitário". Tenho que confessar que foi a leitura certa nesta altura (e que mais se pode pedir de um livro, não é?).
Luke, apaixonado por lobos, tem um acidente e os filhos, Edward e Cara têm que tomar a decisão mais complicada das suas vidas: desligar ou não as máquinas que lhe permitem estar vivo. Edward, mais velho e distante do pai, Cara, a companheira de todas as horas de Luke. Esgrimam-se argumentos, as emoções trocam as voltas à razão e Jodi Picoult torna-nos fácil a decisão. Este é talvez a pior parte deste livro: em vez de fazer pensar, reflectir sobre algo tão sério e difícil como é a eutanásia, faz com que essa decisão seja, para nós leitores, ridiculamente fácil. E mesmo quando é (e eu acredito que às vezes é) a escolha certa nunca, nunca é fácil. Uma vez mais, o tema certo, o desenvolvimento errado.
E para que a trama se adense, os personagens vêem-se envolvidos em situações absurdas com soluções ridículas (a sério aquelas acusações ali no meio eram absolutamente dispensáveis).
Ainda assim, gostei do livro.
Gostei do livro porque alguns capítulos são sobre os lobos. A história de Luke que vai viver com os lobos durante dois anos fez com que as horas passadas a ler este livro valessem a pena.