16
Jun12
Esta é a minha terra, de Frank McCourt
Patrícia
Este é o segundo livro autobiográfico de Frank McCourt que começa imediatamente após o final de As cinzas de Ângela e que mantém o mesmo tom que o livro anterior.
Se achei o primeiro livro escrito em tons de Sépia, diria que este passou para os cinzentos, às vezes perto do azul outras perto do negro. Quero com isto dizer que o livro continua a ser extremamente gráfico e que me foi muito fácil visualizar algumas cenas.
Ajuda o facto do escritor manter uma certa crueza na escrita que tanto nos dá vontade de rir como de bater, quer nele quer noutros personagens.
Frank, agora nos Estados Unidos da América, continua com maus olhos e dentes em péssimo estado e sendo Irlandês, com um sotaque cerrado, mantém consigo o espectro do alcoolismo que, na verdade, o persegue ao longo da vida.
Como alguém que adora ler, alguém que tem nos livros um escape da vida miserável, ir para a Universidade de NY estudar para se tornar professor é um sonho que parece inatingível mas que, por obra do destino (e do exército) se torna possível. Mas sobreviver, mandar dinheiro para a mãe e para os irmãos e estudar é difícil e requer uma força de vontade que Frank não sabe se tem.
A mãe de Frank (aqui percebe-se finalmente o título do primeiro livro, As Cinzas de Ângela) continua a ser uma mãe execrável e é uma personagem de quem não consigo sentir pena- apesar da vida miserável que teve. Mike (ou Alberta) é também uma personagem com a qual não consegui sentir empatia, mas é natural que assim seja porque afinal este livro foi escrito na primeira pessoa.
Tenho bastante vontade de conhecer o resto da vida deste homem extraordinário através do livro "O professor". Mais uma vez, Obrigada Cati pelo empréstimo, adorei como não podia deixar de ser.