O olho do Mundo, A roda do Tempo, #1
Li, finalmente, o primeiro volume de uma das sagas de fantasia mais conceituadas. A roda do tempo estava há muito tempo à espera da sua vez e, confesso, foi a possibilidade de spoilers em barda à conta da série de tv que me deu o estímulo para empreender nesta aventura. Não é que esteja ansiosa para ver a série, que não estou, mas não me apetece saber o que vai acontecer antes de ler os livros e convenhamos que a malta das séries, depois de ver os episódios, desata a dar spoilers como se não houvesse quem nunca leu/viu.
Antes de vos falar das minhas impressões em relação à história deixem-me comentar o livro em si. Um tijolo, o que é sempre agradável (não estou a ser irónica, gosto mesmo de livros grandes), mas com um enorme problema: o tamanho das letras é impróprio para toda a gente. Não sei se não terei que me tornar defensora dos "livros às metades" (coisa que abomino) se essa for a única forma de conseguir ter livros com letras de tamanhos decentes.
Esta série é uma das que gostava de ter na estante e espero, por isso, comprar os outros volumes em livro físico apesar de ser infinitamente mais confortável ler a saga em ebook. Espero, no entanto, que a bertrand edite a metade que falta da saga e não me deixe com apenas 6 volumes em português e o restante em inglês. É a série de tv que me dá a esperança que tal aconteça.
Voltando à história.
Não é um primeiro livro perfeito. A bendita "demanda" a caminho de Tar Valon lembra demasiado uma outra irmandade e o final do livro é insatisfatório. Um primeiro livro de uma série deve valer por si mesmo. É tão claro que este é apenas uma introdução que o final não tem a grandeza necessária (o senhor dos anéis não conta, aquilo é 1 livro dividido em 3 e não 3 livros de uma saga). E convenhamos que 800 páginas de introdução é muita coisa. O mais estranho é que a história que o livro conta era suficiente para ser uma história com princípio, meio e fim mas a sensação com que fiquei foi que o livro passa do início extremamente detalhado e longo para um final rápido e mal amanhado, porque era necessário dar-lhe uma espécie de conclusão antes de passar as 1000 páginas. Faltando-lhe o "meio" faltou uma boa parte de desenvolvimento de personagens uma vez que, tirando uma ou outra honrosa excepção, são todos mais ou menos iguais ao que eram no início. Não basta dizer que mudaram, é preciso que os leitores o sintam, o que não me parece ter sido o caso.
Mas (e este é um mas muito importante) tenho a certeza que teria adorado este livro se o tivesse lido na altura certa. Assim, sou provavelmente mais crítica do que o livro merece.
Apesar de não ter conseguido dar mais que 3 estrelas a este livro irei continuar a série e as expectativas continuam em alta. Gosto dos personagens, gosto do mundo, gosto do rumo que a história está a tomar. E lê-se muito bem, apesar do que escrevi acima não revirei muito os olhos nas últimas semanas.
Deixei para o fim aquele que me parece, de longe, o ponto alto do livro: o worldbuilding.
Todos os pontos negativos deixaram espaço para o crescimento e a apresentação de um mundo fascinante e que acredito ser aquilo que atraiu tantos para esta série. As potencialidades deste sistema de magia são imensas e serão certamente parte fulcral dos próximos livros. Na verdade conhecemos pouco deste sistema, intuímos mais do que realmente sabemos e, se eu não soubesse ser esta uma saga tão bem aceite na comunidade, talvez não estivesse tão entusiasmada com esta parte, uma vez que ainda faltam muitas explicações mas eu tenho fé e gostei daquilo que li até agora.