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Ler por aí

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31
Dez19

2019 em livros

Patrícia

Encontrei-me, em Janeiro, N'A última ceia  com a Alex 9, a Guardiã da espada , assustadora com a su'A mão esquerda das trevas . Felizmente em Fevereiro, o sempre charmos'O Conde de Monte Cristo contou-me uma história da vingança e confusão, onde, num distante Março, os Loucos da Rua Mazur, se cruzaram com O Aprendiz de assassino numa louca batalha ao estilo de Ragnarok, o fim dos Deuses e que culminou no chamad'O processo Violeta

Em Abril o  Royal Assassin foi um enorme Filho da Mãe que deixou Os Armários vazios, que em Maio a Berta Isla encontrou quando ouvia lá fora Um dó li tá...  eram As Crianças invísíveis que brincavam, em Junho, com O Sixth of the Dusk, todos com um altíssím'O indice médio de felicidade.

Foi na Corte dos Traidores que se decidiu que haveria Shadows for silence in the forest of hell!

Em Julho, Eliete, Essa puta tão distinta, teve Uma morte conveniente, a Voar no quarto escuro!

Foi em Agosto ou Setembro que a  equipa de voo Skyward (e o M-bot) , transformou Os Reinos do Norte, e a sua Mitologia Nórdica numa confusão e subitamente A torre dos anjos parecia Um Estado Selvagem !

Mas em Outubro chegou O Admirável Mundo Novo, para que em Novembro e Dezembro, os Maus, Três Mosqueteiros, aprendessem O Nome do Vento e em Starsight dissessem: Deixa-me mentir

 

27
Dez19

Rever 2019: O Conde de Monte Cristo e Os três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas

Patrícia

Reler Dumas é sempre um prazer. O "O conde de Monte Cristo" foi um dos livros que mais vezes reli ao longo da minha vida mas não resisti a fazê-lo novamente quando as meninas do Booktube (a Elisa, a Silvéria, etc) fizeram uma leitura conjunta. Confesso que como leitura conjunta a coisa não funcionou lá muito bem (os nossos ritmos de leitura são completamente diferentes) mas como desculpa para voltar a pegar num dos livros da minha vida foi perfeito.

Se nunca leram este livro não sabem o que estão a perder. O livro perfeito para perderem o medo de calhamaços e de clássicos. A expressão "escrita fluída" (que eu, pessoalmente, detesto) foi inventada por causa da escrita do Dumas. A trama e os personagens são maravilhosamente imperfeitos. Sofremos com Dantés deste a sua inocência até à sua vingança. Vibramos com Dantés em todas as suas vitórias (e, ao contrário do que acontece na maioria dos livros, ele tem a sua dose de vitórias ao longo da história). E por fim assistimos ao mais perfeito final de todos os finais.

Ah, como eu adoro este livro.

Mas o ano ainda me faria reler um outro livro do Alexandre Dumas: o "os três mosqueteiros". Um delicioso livro de aventuras que nos leva a conhecer D'Artagnan, Porthos, Athos e Aramis; Milady e Richelieu, Grimaud, Bazin, Mousqueton e Planchet. 

Acho que, como a maioria da minha geração, conheci esta história através do Dartação e os três Moscãoteiros (Dartacão, dartacão, correndo grandes perigos, dartacão, dartacão, perseguem os bandidos) e das várias versões juvenis que iam aparecendo mas quando cheguei à adolescência e me apaixonei perdidamente pelo Conde de Monte Cristo, procurei e li a versão original deste livro. Adora, mais de 20 anos depois, reli-a e voltei a vibrar com cada uma das aventuras dos nossos heróis. Claro que revirei muito os olhos ao reler algumas partes deste livro (cambada de preguiçosos, estes 4) mas, ainda assim, é tão divertido, tem um ritmo perfeito e é uma das leituras mais divertidas que fiz. Ah, adoro a Milady. 

13
Dez19

O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss (com poucos spoilers)

Patrícia

O-Nome-do-Vento.jpg

 

Um dos mais aclamados livros de fantasia dos últimos anos cria, obviamente, uma enorme expectativa no leitor. Pelo menos em alguém que, como eu, gosta de fantasia.

Vou já pôr-me a jeito: não fiquei fã. Não detestei mas não sei se ou quando vou ler o próximo volume (o que, tendo em conta que o autor está a dar uma de Martin e nunca mais acaba a saga, talvez não seja mau).

Em primeiro lugar, vamos falar do mundo e da magia. 

(acho que aqui devo dizer que li o livro em inglês - na realidade ouvi em audiobook - pelo que não faço ideia dos termos utilizados na tradução).

A ideia da "simpathy" é interessante - especialmente pela forma cientifica como é ensinada na universidade. Os seres mágicos, com especial ênfase nos Chandrian e no Blast, podem tornar-se interessantes - mas ainda sabemos tão pouco sobre eles que não consigo estar assim tão curiosa. 

O "naming" e a importância dos nomes, não é propriamente uma novidade nestas coisas da fantasia mas há aqui uma diferença e uma novidade que dá potencial a esta forma de magia - e aqui entra a importância de Edodin - a sua lição ao Kvothe sobre a diferença entre o poder das palavras e o poder dos nomes foi muito interessante.

E não posso deixar passar a menção ao Elodin sem falar da cena do "alguém tão estúpido para fazer isto não merece ser ensinado por mim" que é absolutamente genial e que arranca uma gargalhada a qualquer leitor. 

A história é, até agora, muito pouco interessante. Tem potencial, tem, mas ainda não chegou nem perto do que promete. Basicamente digo isto porque não me interessa especialmente saber o que vai acontecer depois. Nem saber o que aconteceu antes. O final, aquele capítulo final, com a conversa entre o Blast e o Cronista deixou-me com alguma curiosidade, confesso. Mas no geral, não houve nada que me encantasse ou que deseje muito ver acontecer. A história com o Draccus, por exemplo, não me convenceu nem um bocadinho. Sim o Kvothe é o maior da aldeia, ok, já percebemos. Mas, ou me falou qq coisa ou a história do bichano ter aparecido do nada e aparentemente nunca ter sido visto é apenas incongruente.

Este é um livro, como o são todos os primeiros volumes de séries, de apresentação. Apresentação do mundo, dos personagens e da história.

E as personagens deixam-me com uma certa miscelânea de emoções. 

Extremamente bem construídas, interessantes mas com as quais não consegui criar uma grande empatia. 

Sim, o Kvothe tem potencial. Mas até agora é apenas o miúdo prodígio, fabuloso em tudo e com uma sorte dos diabos.

E o facto da história estar a ser contada pelo Kvothe impede-nos de conhecer verdadeiramente as outras personagens. A Denna que nos é apresentada é sempre a que o Kvothe venera (o Blast já deu umas indicações de que talvez não seja tão linda e perfeita como nos é apresentada), o Ambrose é sempre o mau da fita visto pelos olhos do Kvothe.... e sim, eu percebo perfeitamente que há aqui uma questãozinha relacionada com o facto de termos um narrador não confiável.

Mas nem tudo é mau. 

Há um enorme potencial nesta história. As minhas duas personagens favoritas - o Elodin e a Auri - têm tudo para crescer, podem tornar-se personagens com um papel muito importante e interessante. Ainda espero que o Abenthy dê um ar de sua graça (nunca percebi porque raio o Kvothe não o foi procurar mas ok, jornada do herói!). Agora que o Kvothe finalmente entrou nos arquivos, a história dos Chandrian pode ser desenvolvida e a coisa começar a tornar-se interessante.

Acho que é unânime que a melhor parte deste livro é a escrita do autor. Ele escreve muito bem e isso faz com que seja fácil ler este livro. Nem sempre a fantasia consegue conjugar a necessária escrita fluída com uma escrita bonita. Ouvi algures alguém dizer que, mais que escritor,  Patrick Rothfuss é um poeta. E eu estou completamente de acordo. As canções/histórias que vão aparecendo são maravilhosas. 

Para além de um ou outro apontamento não é um livro divertido (o que me deixa sempre feliz, não tenho paciência para tentativas de humor). Por outro lado há imensas passagens que apelam à reflexão e isso, sim, é algo que me conquista sempre. 

29
Ago19

Voar no quarto escuro, de Marcia Balsas

Patrícia

 

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Entrar na cabeça de uma mulher não é fácil. Entrar na cabeça de muitas mulheres é uma loucura. Mas a literatura tem uma dose enorme de loucura.

Li este “Voar no quarto escuro” com um misto de espanto (ena, a Márcia escreveu isto tudo), orgulho (ena, a Márcia escreveu isto tudo!) e um nó na garganta.

Ainda bem que não é um livro muito grande  ou tornava-se claustrofóbico. Não é um livro fácil de ler.

A empatia com aquelas mulheres é quase imediata - quem nunca se sentiu mal na sua própria pele? Quem nunca arriscou o julgamento dos outros para ser feliz? Quem nunca quis fugir do seu trabalho? Quem nunca se sentiu menor? – e, também por isso, passei todo o livro a querer saber o que lhes ia acontecer (e confesso, tive muitas vezes vontade de lhes bater).

É, acima de tudo, Um livro sobre a solidão. A solidão acompanhada, auto imposta, infligida, envergonhada. E é um livro sobre a coragem de sermos quem queremos ser, quem sabemos (ou não) ser.

 

Está à venda.

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Márcia, esta será provavelmente a única vez que alguém acha o teu livro uma excelente almofada :)

 

15
Ago19

Em estado Selvagem, de Roxane Gay

Patrícia

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A violência deste livro é algo que não esquecerei facilmente. 

A capa não nos prepara para o que nos acontece logo nas primeiras páginas deste livro. O título remete-nos para algo animal (tamed significa domesticado), visceral mas, ainda assim, tem um certo ar romântico (também o título em Português, Em estado selvagem, apresenta esta dualidade). Mesmo que julguemos o contrário, só compreenderemos verdadeiramente este título perto do fim. Mas a esperança, essa, perdemo-la logo no início.

A crueza com que Roxane Gay nos conta uma e outra e ainda outra vez o que acontece a Miri ao longo do seu cativeiro não nos permite ser indiferente a este livro. Por um lado, e sendo uma história contada na primeira pessoa, sabemos que sobreviveu. Como e com que consequências não o sabemos.

No Haiti, os sequestros tornaram-se habituais e quase rotina. Após o pagamento do resgate as vítimas regressam a casa (quase) incólumes e nada se passa - ou pelo menos é isso que muitos acham.

Mireille, filha do Haiti mas educada nos Estados Unidos, está de férias com o marido e o filho, com quem forma uma tríade de cumplicidade, quando é raptada. Um milhão de dólares é o resgate pedido. Valor não negociável. Mas o pai de Miri também não aceita negociar com raptores - se ceder, será toda a família a sofrer e tem que pensar em Mona, a outra filha, na mulher e restantes membros da família. Demonstrar fraqueza não é, simplesmente, uma opção. Miri tem que descobrir como sobreviver até que o impasse se resolva. A força, a resiliência, sempre foi a qualidade mais importante e esta mulher sabe quem é e quem precisa ser para sobreviver.

E sim, este é um livro sobre sobrevivência. Mas não é um livro sobre justiça. Nem é um livro sobre esperança. Não é propriamente um livro sobre o Haiti apesar de se passar no Haiti. Poderia igualmente passar-se em Moçambique ou, por exemplo, na Nigéria. Gostava de acreditar que não se poderia passar em Portugal e talvez não pudesse... na forma. Porque no conteúdo, sim. Poder-se-ia passar em qualquer sítio onde houvesse homens e mulheres. Onde houvesse homens cruéis e homens gentis. 

A violência sobre uma mulher é levada ao extremo. Tê-la assassinado teria sido incrivelmente mais piedoso. Mas uma das coisas que mais me impressionou neste livro é a forma como alguns homens - e até os mais  gentis - ainda precisam que seja ela a ajudá-los a ultrapassar tudo o que se passou. Seria rísivel se não fosse tão normal.

Lorraine. Tenho que vos falar desta mulher. Foi ela quem me levou à beira das lágrimas (e toda a gente sabe o quão "pedra" eu sou a ler um livro). Foi a presença silenciosa daquela mulher que me devolveu a fé na humanidade, bem, pelo menos um bocadinho.

Que livro, este. Não sei ainda porque é que a Dora resolveu oferecer-me este livro. Mas muito obrigada, Dora. Vou agora tentar recuperar da sova que levei ao lê-lo.

 

 

 

 

07
Ago19

As crianças invisíveis, de Patrícia Reis

Patrícia

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"Mas havia sempre a culpa, a ideia de que ser difícil não é desejável, a vontade de encaixar, a vergonha de ser quem se é por não se saber ser melhor. Não tendo a certeza da possibilidade de regresso ao lugar que conhece, M. considerou que era melhor concordar, fazer o jogo do estou-bem"

 

Quão invisíveis são as crianças institucionalizadas? Suponho que essa invisibilidade seja directamente proporcional à falha da sociedade para com eles. 

Patrícia Reis, neste belíssimo livro - como objecto é extremamente cuidado, como já seria de esperar, desde a textura da capa à cor dos separadores dos capítulos (não me ouvem dizer isto muitas vezes mas este livro merecia uma edição em capa dura) - conta-nos a história de M. durante o tempo da sua institucionalização na "Casa".

Ao longo destas (poucas) páginas, vamo-nos debruçar e reflectir sobre uma realidade que, tantas vezes, apenas conhecemos na teoria e que, como geralmente acontece nestes casos, julgamos conhecer e atrevemo-nos a julgar e opinar. 

A institucionalização - algo que me parece um mal necessário - de crianças em risco e o drama que é, por vezes, a tentativa de as inserir numa família. O horror que é a possibilidade de devolução de uma criança nos primeiros 6 meses. O tipo de laços criados numa instituição, o tipo de família que, também aí se cria, e o seu futuro.

Acho que é unânime a opinião de que todas as crianças merecem ter uma família - seja mais ou menos tradicional - e a protecção e amor que lhes permitam crescer em segurança e com oportunidade para serem tudo o que quiserem ser.

Mas, e este é o ponto mais importante deste livro, será esta solução (a adopção) a mais certa para todas as crianças? Até que ponto, a nossa noção do que é "certo" entra em colisão com aquilo que é necessário, com aquilo que aquela menina ou menino, aquela pessoa, quer e precisa?

Gostava de ter tido mais tempo com M. e com Conceição para estabelecer com estas personagens uma ligação maior. Provavelmente isso iria implicar mais páginas e que a acção não abrangesse um período de tempo tão longo. Não me importava nada até porque a autora levantou várias questões que acabou por não aprofundar.

Doeu-me ler este livro e isso é o maior elogio que lhe posso fazer. Sem qualquer sombra de dúvida será um dos livros deste ano.

 

 

 

 

21
Jun19

Shadows for Silence in the Forests of Hell, de Brandon Sanderson

Patrícia

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Quão brutal é este título?

Shadows for Silence in the Forests of Hell é uma novela (é bastante difícil chamar conto Ou Short Story a qualquer coisa que o Brandon Sanderson escreva) inserida na colectânea Arcanum Unbounded. Este livro é uma espécie de doce oferecido aos leitores que desesperam por perceber Cosmere, esse universo que está a ser construído pelo autor e que engloba as grandes sagas Elantris, Mistborn (era 1), Mistborn (Era 2), Warbreaker e Stormlight Archives. Não é necessário saber sequer o que é Cosmere… mas é brutal quando sabemos. Na verdade o que os leitores que não conhecem Cosmere acham “palha” nestas séries é aquilo que nós, geeks, procuramos porque queremos muito perceber este universo.

No Arcanum Unbounded estão juntos os contos e novelas que foram sendo publicados aqui e ali pelo autor. Este, por exemplo,também faz parte de uma antologia organizada pelo George R.R. Martin chamada “mulheres perigosas”.

Se tivesse que catalogar esta história, diria tratar-se de uma mistura de Thriller com uma pitada de Horror muito mais que uma história de fantasia.

Num mundo pós-apocalíptico, onde as Sombras (Shades) matam quem não cumpre as regras básicas (não fazer chamas, não derramar sangue, não correr) e só podem ser combatidas com Prata, Silence Montane dirige um dos lugares mais seguros da Floresta do Inferno, terra dos danados, uma estalagem onde as Sombras não entram e que se diz ser assombrado pela Sombra do ex marido da Silence. Quando esta mulher reconhece um dos assassinos mais procurados a comer calmamente à sua mesa, é a vez de White Fox, o mais perigoso caçador de recompensas da floresta, entrar em acção.

Gostei imenso deste conto, de Silence e William Ann. Tive pena da personagem de Sebruki não ter sido mais desenvolvida e da maioria das personagens e criaturas se ter ficado pelas duas dimensões. Mas isto é um conto e não uma saga, por isso não dá para reclamar.

Adorei (e confesso que dei uma gargalhada quando me apercebi do que estava a acontecer) a avó da Silence.

E adorei a mulher que é Silence, a sua força, a sua determinação. E tiro o chapéu ao Sanderson que contou a história de uma mulher perigosa sem a transformar num homem.

10
Jun19

Índice Médio de Felicidade, de David Machado

Patrícia

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Não me apetece tentar calcular o meu IMF. Acho que ficaria deprimida. Acho que qualquer número me faria sentir uma fraude. E a culpa é precisamente da tal relativização de que David Machado fala neste livro.

À primeira vista dir-vos-ia que este livro fala de resiliência ou de coragem. Pensando bem, fala de teimosia e de orgulho e de como facilmente estas (e outras) características passam, com toda a facilidade, de qualidades a defeitos e vice-versa.

Esta é a história de um homem que perdeu tudo excepto um irritante optimismo que insiste em preservar. É certo que apenas conhecemos a sua história do seu ponto de vista e todos sabemos o quão enviesadas são, tantas vezes, as nossas opiniões sobre nós mesmos. Daniel perde o emprego e com essa perda, perde (quase) tudo. A sua recusa em desistir consegue ser, ao mesmo tempo, admirável e irritante.

Admirável, por razões óbvias: a resiliência, a resistência à má-sorte e às vicissitudes da vida é uma enorme qualidade que Daniel tem de sobra.

Irritante porque insistir em arriscar tudo (mas tudo mesmo) só para não pedir ajuda, só para não aceitar ajuda é extremamente estúpido. 

Ao contrário do que podem, neste momento, estar a pensar, eu gostei bastante deste livro. Gostei porque é um livro que levanta algumas questões e porque se centra na relação que todos temos uns com os outros.

Na verdade, se tivesse mesmo que escolher um tema (numa palavra) para este livro, eu escolheria Altruísmo. 

Que preço estamos dispostos a pagar para ajudar os outros? No que estamos dispostos a perder para ajudar um amigo? 

Muitas vezes achamos que fazer uma boa acção de má vontade  não tem valor, que só a abnegação é virtuosa mas não será exactamente o contrário? Uma boa acção feita apesar da má vontade, apesar do que deixamos para trás é tão maior. Não quero com isto desvalorizar aquilo que é feito apenas com amor e alegria mas às vezes devíamos olhar para os custos do que os outros abdicam por nós para lhes dar verdadeiro valor.

Não sou uma optimista por natureza pelo que tenho a minha interpretação muito própria deste género de final mas ainda assim não fiquei desiludida e acho mesmo que será o ideal para este livro. E o final (e todo o livro afinal) davam uma óptima discussão e isso é, afinal, o grande propósito da literatura.

 

 

 

08
Jun19

Assassin's quest, de Robin Hobb (***SPOILERS***)

Patrícia

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Finalmente acabei uma das séries de fantasia mais amadas e aclamadas. Antes de começar a esmiuçar a minha opinião (e atenção que vai ter SPOILERS) deixem-me dizer-vos que a minha opinião resumida é um "gostei, mas...". 

Gostei mais do segundo e do terceiro livros que do primeiro. Para dizer a verdade, o segundo foi o meu favorito uma vez que o terceiro se arrastou muito no início.

Um dos pontos altos deste livro é a relação entre Fitz e Nighteyes. No início deste livro, Fitz regressa, relutantemente, ao seu próprio corpo mas o tempo em que partilhou a consciência do Lobo deixou marcas. Neste relação é muito bem explorado o que é ser "humano", o que nos separa (ou une) aos restantes animais. Toda a jornada de Fitz é acompanhada pelo nighteyes e a forma como este vai adquirindo características exclusivamente humanas está muito bem conseguida.

As novas personagens são extremamente interessantes mas confesso que senti falta das antigas. Para dizer a verdade estava à espera que o Chade morresse e até compreendo a necessidade de afastar o Burrich, deixar o Fitz crescer e enfrentar os seus próprios erros (e só deus sabe quantos erros o Fitz teve que cometer até acertar) mas senti-lhes a falta. E se o final do Burrich me agradou não posso dizer o mesmo do Chade.

Ainda não sei se as explicações sobre os red ships me convenceram completamente mas confesso que adorei a ideia dos elderlings. Talvez tenha sido demasiado fácil para o Fitz acordá-los (too much e nem sequer havia necessidade) mas o sacrifico do Verity deixou-me de coração apertado - fabuloso. 

Gostei muito da ideia - já antes explorada q.b mas que aqui tomou um lugar fundamental - do Catalyst e do White profet. Ter o Fitz (e não o Verity), o catalisador como protagonista foi um golpe de génio mas, caramba, não era necessário que o desgraçado falhasse tanto. Ao longo dos três livros, se pensarmos bem, Fitz teve pouquíssimas vitórias - escusava portanto de ter descoberto como acordar os elderlings de forma tão fácil e casual. Pessoalmente preferia que ele fosse tendo algumas vitórias pelo caminho.

Regal acabou por se tornar num verdadeiro vilão mas podia ter bastante mais consistência e nuances do que teve.

Kettle, Starling e Kettricken são todas maravilhosas à sua maneira. E o Fool, bem, o Fool continua a ser a minha personagem favorita. Foi maravilhoso vê-lo tornar-se um membro de pleno direito do pack do nighteyes e companhia.

 

19
Mai19

Um, dó, li, tá , de M. J. Arlidge

Patrícia

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Um, dó, li, tá...

A premissa deste livro é assustadora: Duas pessoas raptadas e presas... pelo menos até que um deles morra. Queres viver? Mata o teu companheiro de infortúnio. Simples e eficaz.

Helen Grace, a inspectora-chefe que lidera o caso tem, como normalmente acontece neste tipo de livros, muitos fantasmas e é uma pessoa bastante interessante. Gostei bastante dela.

Não vos vou contar nada sobre o enredo deste livro por razões óbvias: é um policial e não vos quero estragar a diversão.

No meu ponto de vista, não sendo o melhor policial que já li na vida, lê-se bem e tem um final suficientemente agridoce para agradar. As cenas negras são suficiente macabras para me dar a volta ao estômago. 

Só fiquei com pena de não ter tido a hipótese de descobrir quem era o assassino... 

 

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