Shantaram, de Gregory David Roberts
Uma das coisas que me enerva solenemente é quando me vendem gato por lebre. E venderem este livro como uma espécie de autobiografia é só publicidade enganosa. Apesar do autor repetir que isto é um romance e que as personagens não são reais (e sim, há factos reais aqui, como a sua fuga da prisão e a sua relação com as drogas) há esta vontade de que os acontecimentos aqui retratados sejam reais e isso é repetido até à exaustão. Eu compreendo a atracção, afinal fazer as coisas erradas pelo motivo certo dá um excelente mote para um livro ou um filme. Infelizmente é ligeiramente diferente na vida real e a romantização do crime nunca me convenceu. O gangster filósofo até teve a sua piada, mas não foi que me convenceu a ler um livro interminável com algumas partes chatas.
Não foi a história de Lin que me atraiu. Honestamente não consegui acreditar em quase nada daquilo e, como tal, interessou-me pouco o desfecho da coisa.
O que me agradou neste livro e a razão pela qual posso dizer que gostei foi a forma como o autor contou a Índia. O amor do escritor pelo país e pelos seus habitantes está espelhado em cada página deste livro e este livro vale por isso. Eu não quero saber se Prabhakar é real ou não, só sei que é maravilhoso. Assim como alguns dos “amigos” de Lin.
Este não será um romance de personagem, mas foram as personagens que me atraíram e convenceram porque a história, francamente, cansou-me.