Pecados Santos, de Nuno Nepomuceno
Nuno,
Já tive oportunidade de te dizer: isto não se faz. Não se constrói um personagem, não se lhe dá vida, cor, voz e depois deixa que isto lhe aconteça. Ao longo das páginas dos livros de um escritor vamos criando expectativas, sabemos com o que contamos e sabemos que os heróis têm determinadas características e sobrevivem, tal como sabemos que determinado escritor é mais ou menos sádico com os seus personagens. E tu não és assim, ok? Tu não matas indiscriminadamente desta forma. Arre...
O professor Catalão bem tenta fugir das confusões do presente e dos acontecimentos traumáticos do passado mas, como acontece regularmente nas histórias que valem a pena ser contadas, nem sempre isso é possível.
Uma mulher do passado de Afonso pede-lhe ajuda para inocentar o filho que está preso em Londres como suspeito pela morte do rabino Samuel. Diana, em Lisboa, investiga uma morte e tenta provar a sua ligação com a morte em Londres. Bem, na verdade quem está encarregue da investigação é Alexandre, o já nosso conhecido inspector da judiciária e Alice, uma fascinante psicóloga criminal que é chamada para dar uma ajuda.
Um thriller religioso. Mais um livro do Nuno Nepomuceno, que já nos habituou ao seu estilo e às suas personagens. Afonso Catalão, que não é bem um herói, que não o pretende ser, continua a dar-nos lições sobre as religiões do livro. No A célula adormecida, o Islamismo estava no centro da trama. Aqui, neste Pecados Santos, é o Judaísmo a religião central.
Vocês já sabem que gosto sempre dos livros do Nuno e este não é excepção. Aliás, a verdade é que tenho gostado cada vez mais dos livros dele. O tema ajuda, gosto especialmente de thrillers religiosos e interesso-me mais pelo judaísmo que pelo islamismo. Este é um livro que se lê muito rápido, queremos saber sempre o que vai acontecer, porque vai acontecer. Gostei especialmente de duas coisas neste livro. Gostei de ver um certo acontecimento visto pelos olhos de duas personagens diferentes e gostei do final. Posso ainda não ter perdoado o autor por esse mesmo final... mas gostei bastante.