Para que servem os livros?
Obviamente para enfeitar a casa. Sim, sou dessas. Uma boa estante cheia de livros é algo que tem mesmo que constar da decoração da casa. Há livros lindos que merecem destaque e devem mesmo ser ostensivamente mostrados.
Mas a verdadeira função dos livros é ajudar-nos a fugir. Podem imaginar um livro como a derradeira agência de viagem que nos ajuda a chegar a uma praia paradisíaca por tuta e meia ou como quem pega na pá para escavar o buraco que leva à liberdade. Acho que a escolha vai depender se apenas precisam de umas férias ou de fugir a sério da vossa vida.
Eu, que me sinto em IF todos os dias, tenho nos livros o meu Abade Faria. E se não percebem a referência, shame on you, é apenas de um dos melhores livros alguma vez escritos.
Talvez goste tanto de ler porque consigo, sempre consegui, deixar-me transportar para dentro das histórias. E talvez por isso goste tanto de fantasia e de uma história bem contada. Se é para fugir, que seja para um sítio que vale a pena, que viva vidas extraordinárias, que me torne amiga de seres fantásticos e que acredite no inacreditável.
Toda a gente pode não gostar de fantasia. Mas nunca compreenderei quem não gosta de fantasia porque os livros deste género estão pejados de seres que não existem. Há lá coisa melhor que ultrapassar os limites da imaginação e mergulhar na magia? Qual é o gozo de ler um livro que não nos transporta para outra realidade, outra vida? Toda a ficção faz isso, este género apenas dá uma roupagem diferente à realidade (porque todos os bons livros do fantástico ou da FC, tal como de qualquer outro género, reflectem e tratam sobretudo da realidade, dos problemas e questões do que nos rodeia).
Esta função de desencarcerador dos livros já me salvou, se não a vida, a saúde mental várias vezes. Fê-lo ao longo de toda a minha infância e adolescência, fá-lo hoje, a cada dia. Devo o meu equilibrio aos livros mais do que a qualquer pessoa. São e serão sempre a minha âncora.