Os Interessantes, de Meg Wolitzer
Crescer com o peso de aos 15 anos ter decidido ser “interessante” pode ser o estímulo certo para se tornar um adulto de sucesso ou a receita para o desastre.
Jules, Ash, Ethan, Goodman, Cathy e Jonah são seis adolescentes que se autointitulam de “os interessantes” porque a promessa de talento que vêem (eles e os outros) em si é forte o suficiente para tal.
Ao longo destas muitas páginas (que se lêem num instante) vamos conhecer o percurso destes seis (mais de uns que de outros). Dos 15 aos 50.
É caso para dizer que a realidade venceu a ficção. Este livro pode ser completamente ficcionado mas retrata a realidade de uma forma que me agarrou por completo. A inveja é o primeiro dos sentimentos que vemos explorados aqui. A autora começa desde cedo a brincar com a verdade, com os valores e com a nossa própria perceção acerca dos outros (e no fundo acerca de nós mesmos). Jules, o fio condutor desta história, é uma personagem extremamente bem construída e complexa e é sob o seu ponto de vista (na maior parte do livro mas não sempre) que vamos acompanhando a história dos seis interessantes.
Falemos de talento. O que é melhor, tê-lo e vencer? Descobrir que afinal não se tem? Tê-lo e não ter a sorte/capacidade para o desenvolver ou deliberadamente ignorá-lo? Falemos de amizade. Pode a amizade sobreviver à inveja? Pode a amizade sobreviver à rejeição? Pode a amizade sobreviver ao amor? Falemos de amor: pode o amor vencer mesmo tudo? Pode o amor sobreviver aos segredos? Pode o amor sobreviver à rejeição? Falemos de dinheiro, de carreira, de feminismo, de família, de valores, de crime… Falemos de tudo o que nos passar pela cabeça, falemos de realidade ou de ilusão.
Falemos acima de tudo de perceção e de expectativas, de ajuste às expectativas inerente ao crescimento.
Escuso de vos dizer que gostei muito deste livro e que, como tal, é muito difícil escrever algo de coerente sobre ele. Leiam.