Os brancos também sabem dançar, de Kalaf Epalanga
Há livros que aparecem nas nossas vidas sem que o esperemos. Este foi um deles. Com o início da Comunidade Leya Connosco fui desafiada a lê-lo e digo-vos, desde já, que foi uma óptima surpresa.
Porque não ando a par das novidades e porque não sou fã de Kuduro e dos Buraka Som Sistema não fazia ideia que Kalaf Epalanga era (também) escritor.
O título "Os brancos também sabem dançar" e a frase um romance musical remetem-nos imediatamente para o mundo deste livro, o mundo do Kuduro e da Kizomba (que segundo o autor, podem ter tido como responsável pelo seu aparecimento, nada mais nada menos, que Cavaco Silva... sim, esse mesmo em quem vocês estão a pensar).
Divido em três partes, este livro é um misto equilibrado de ficção, ensaio e biografia. Na verdade é muito difícil para mim, que pouco ou nada conheço do escritor, separar a parte da ficção da parte auto-biográfica mas será isso importante? A verdade é que aqui conheço um pouco do Kalaf visto pelo próprio, como é, como gostaria de ser ou como se vê. E isso para mim, chega perfeitamente.
Aprendi imenso sobre kuduro e kizomba. Para dizer a verdade antes de ter lido este livro não conhecia nada de kuduro (apenas que não é o meu estilo de música) e sobre a kizomba sabia apenas o suficiente para saber que a intimidade que provoca e invoca não é para mim. Gosto de ver dançar kizomba mas não de a dançar. Mas gostei de ler todas as páginas sobre estes estilos musicais, o que está na sua génese, como apareceram, o que contam, em cada passo marcado, sobre quem as dançam. Gostei de ver a dança, a música, como expressão cultural.
Gostei de ver a música, a dança transformada em palavras. Gostei de conhecer aqueles personagens, de viajar pelo mundo com o autor, de registar as inúmeras referências musicais. Gostei de dar uma hipótese a esta música e a este livro.
Boas leituras