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Ler por aí

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07
Set15

O VENDEDOR DE PASSADOS – José Eduardo Agualusa

Catarina
 

       Li este livro em duas horas numa manhã de praia. Reli-o depois a marcar as minhas partes favoritas (numa folha à parte que este livro foi emprestado - obrigada amiga! - nada de sublinhar frases e escrever notas nas margens), calmamente, a saborear a escrita e os pormenores.

 

As personagens são maravilhosas.
Eu já sabia que o narrador é uma osga mas, quando estava a ler, surpreendeu-me e quando reli continuei a achar as primeiras páginas ambíguas o suficiente para ver o Eulálio e não a osga.
Félix Ventura um albino em Angola, não sabe quem é, foi encontrado por Fausto Bendito Ventura, alfarrabista, dentro de um caixote cheio de livros do Eça de Queirós – “Eça foi o meu primeiro berço”, vende passados falsos e tem como amigo uma osga com quem conversa.
Um vendedor de passados e uma osga chamada Eulálio? Supimpa.
Mas há mais. José Buchmann, repórter fotográfico, cliente que quer comprar um passado ou melhor toda uma vida, uma identidade africana:
“...O albino ouvia-o aterrado:
"Não!", conseguiu dizer. "Isso eu não faço. Fabrico sonhos, não sou um falsário... Além disso, permita-me a franqueza, seria difícil inventar para o senhor toda uma genealogia africana."
"Essa agora! E porquê?!..."
"Bem... O cavalheiro é branco!"
"E então?! Você é mais branco do que eu!..."
"Branco, eu?!", o albino engasgou-se. Tirou um lenço do bolso e enxugou a testa: "Não, não! Sou negro. Sou negro puro. Sou um autóctone. Não está a ver que sou negro?..."
A sério que a osga se fartou de rir com esta.
Temos ainda Ângela Lúcia de quem Félix diz:
<<Ela é assim ...>>, fez uma pausa, as mãos espalmadas, os olhos apertados num esforço de concentração, demorando-se a encontrar as palavras: <<Pura luz!>>
Há outras personagens paralelas a Velha Esperança, salva de ser fuzilada pela “logística”, que se julga imune à morte e diz que são os muros que fazem os ladrões. O Ministro que compra toda uma genealogia e passa a ser neto de Salvador Correia de Sá e Benevides libertador de Luanda do domínio holandês.
Mas a história principal é a de Ângela Lúcia e José Buchmann que, vimos a descobrir, têm um passado em comum e o final da história dos dois, não o fim do livro, mas o final da história dos dois é surpreendente e brutal.
 
José Eduardo Agualusa, sou fã. Vou ler o “A Rainha Ginga”. Volto mais tarde.

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