No silêncio de Deus, de Patrícia Reis
Às vezes a solidão aos 30 é igual à solidão dos 60 ou dos 70. Às vezes há amizades que não parecem fazer muito sentido mas a verdadeira e mais interessante relação entre duas pessoas é quando ela acontece sem que haja preparação, escolha ou preconceito envolvido. Quando simplesmente acontece.
A sinopse deste livro diz
Um livro sobre os livros e o exercício da escrita.
Um escritor descobre que está a morrer.
Uma jornalista tenta desvendá-lo.
Ambos procuram a redenção.
Encenam uma fuga à realidade.
Três cidades: Lisboa, Jerusalém, Amesterdão.
E ainda uma prostituta, um barman, um médico homeopata.
A possibilidade da salvação e a procura da humanidade.
As falhas de cada um. O passado como identidade. Um fado.
Vários livros. Dor e consternação.
No fim, sem medo, uma ideia melhor.
E, de facto, a solidão está presente em todas as personagens, em todas as páginas. E a procura de um sentido para a vida, no sentido mais restrito e particular do termo. O que faz de uma vida uma boa vida? Uma vida digna se ser vivida? Todos temos, em maior ou menor grau, o medo de chegar ao final do caminho, olhar para trás e não encontrar nada que realmente tenha valido a pena. Nada em que tenhamos deixado a nossa marca. E da mesma forma já olhámos para o vazio do futuro com medo, sem esperança.
Sara e Manuel, os dois protagonistas desta história são, à primeira vista muito diferentes, mas em ambos encontramos a mesma solidão, a mesma falta de esperança. E digo-vos já que me apeteceu, muitas vezes, abanar ambos. Mais a Sara, que o Manuel. Apesar de tudo compreendo-o melhor a ele que a ela.
Este é um livro sobre sentimentos, decisões, momentos, escolhas. Sobre arrependimento. Sobre a possibilidade de nos reinventarmos.
Gostei muito e, ainda antes de terminar esta leitura, comprei o "Por este mundo acima" que será, uma das minhas próximas leituras.