O pintor de almas, de Ildefonso Falcones
Do escritor de A Catedral do Mar (podem ler duas opiniões deste livro, a minha e a da Catarina) achei que seria o livro ideial para ler neste isolamento social que vivemos por estes dias.
Um livro contado a duas vozes, a de Dalmau e a de Emma. Infelizmente nenhum dos dois me convenceu. Aliás, o livro não me convenceu. Lê-se razoavelmente bem mas às tantas torna-se um bocado chato, nada de novo acontece, os personagens parecem não crescer, não aprendem com o erros e conseguem ser muito burrinhos o que, num livro de muitas páginas, aborrece. Mas lê-se bem, o autor escreve bem, aprende-se imenso sobre Barcelona do início do séc XX e para quem não se importa de ter uma história cheia de clichés e de tragédias, tem aqui um bom livro. Para quem espera mais que isso... bem, talvez não valha a pena.
Não me vou alongar muito na opinião e pode haver alguns spoiler mas deixem-me desabafar um bocadinho.
Qualquer livro que retrate uma época que não a nossa tem que ser lido à luz da cultura e dos costumes dessa época. Eu eu não sou, de todo, perita na sociedade de Barcelona do início do sec XX mas porque raio Emma, tão liberal nalgumas coisas e defensora dos pobres e oprimidos consegue ser tão obtusa noutras coisas? A luta contra a igreja e todas as suas restrições morais e ao mesmo tempo a total submissão ao patriarcado no partido - aliás a todos os homens que com ela se cruzam, e todos os homens que com ela se cruzam são umas bestas totais com excepção de dois. Mas todos ficam loucos com ela, com as formas do corpo dela, com a beleza, etc, etc... uma bela oportunidade desperdiçada. Apenas Josefa (a querida, doce e sofredora Josefa, tinha algum género de respeito por si própria).
E porque raio Marvilhas não foi melhor aproveitada? A personagem mais interessante... completamente ignorada e que apenas serviu para cumprir o propósito de fazer o casal maravilha ainda mais miserável. Um desperdício.
Tenho mesmo muita pena de não me ter conseguido apaixonar por esta história mas, às tantas, só queria acabá-lo para passar para outro.