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Ler por aí

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13
Dez19

O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss (com poucos spoilers)

Patrícia

O-Nome-do-Vento.jpg

 

Um dos mais aclamados livros de fantasia dos últimos anos cria, obviamente, uma enorme expectativa no leitor. Pelo menos em alguém que, como eu, gosta de fantasia.

Vou já pôr-me a jeito: não fiquei fã. Não detestei mas não sei se ou quando vou ler o próximo volume (o que, tendo em conta que o autor está a dar uma de Martin e nunca mais acaba a saga, talvez não seja mau).

Em primeiro lugar, vamos falar do mundo e da magia. 

(acho que aqui devo dizer que li o livro em inglês - na realidade ouvi em audiobook - pelo que não faço ideia dos termos utilizados na tradução).

A ideia da "simpathy" é interessante - especialmente pela forma cientifica como é ensinada na universidade. Os seres mágicos, com especial ênfase nos Chandrian e no Blast, podem tornar-se interessantes - mas ainda sabemos tão pouco sobre eles que não consigo estar assim tão curiosa. 

O "naming" e a importância dos nomes, não é propriamente uma novidade nestas coisas da fantasia mas há aqui uma diferença e uma novidade que dá potencial a esta forma de magia - e aqui entra a importância de Edodin - a sua lição ao Kvothe sobre a diferença entre o poder das palavras e o poder dos nomes foi muito interessante.

E não posso deixar passar a menção ao Elodin sem falar da cena do "alguém tão estúpido para fazer isto não merece ser ensinado por mim" que é absolutamente genial e que arranca uma gargalhada a qualquer leitor. 

A história é, até agora, muito pouco interessante. Tem potencial, tem, mas ainda não chegou nem perto do que promete. Basicamente digo isto porque não me interessa especialmente saber o que vai acontecer depois. Nem saber o que aconteceu antes. O final, aquele capítulo final, com a conversa entre o Blast e o Cronista deixou-me com alguma curiosidade, confesso. Mas no geral, não houve nada que me encantasse ou que deseje muito ver acontecer. A história com o Draccus, por exemplo, não me convenceu nem um bocadinho. Sim o Kvothe é o maior da aldeia, ok, já percebemos. Mas, ou me falou qq coisa ou a história do bichano ter aparecido do nada e aparentemente nunca ter sido visto é apenas incongruente.

Este é um livro, como o são todos os primeiros volumes de séries, de apresentação. Apresentação do mundo, dos personagens e da história.

E as personagens deixam-me com uma certa miscelânea de emoções. 

Extremamente bem construídas, interessantes mas com as quais não consegui criar uma grande empatia. 

Sim, o Kvothe tem potencial. Mas até agora é apenas o miúdo prodígio, fabuloso em tudo e com uma sorte dos diabos.

E o facto da história estar a ser contada pelo Kvothe impede-nos de conhecer verdadeiramente as outras personagens. A Denna que nos é apresentada é sempre a que o Kvothe venera (o Blast já deu umas indicações de que talvez não seja tão linda e perfeita como nos é apresentada), o Ambrose é sempre o mau da fita visto pelos olhos do Kvothe.... e sim, eu percebo perfeitamente que há aqui uma questãozinha relacionada com o facto de termos um narrador não confiável.

Mas nem tudo é mau. 

Há um enorme potencial nesta história. As minhas duas personagens favoritas - o Elodin e a Auri - têm tudo para crescer, podem tornar-se personagens com um papel muito importante e interessante. Ainda espero que o Abenthy dê um ar de sua graça (nunca percebi porque raio o Kvothe não o foi procurar mas ok, jornada do herói!). Agora que o Kvothe finalmente entrou nos arquivos, a história dos Chandrian pode ser desenvolvida e a coisa começar a tornar-se interessante.

Acho que é unânime que a melhor parte deste livro é a escrita do autor. Ele escreve muito bem e isso faz com que seja fácil ler este livro. Nem sempre a fantasia consegue conjugar a necessária escrita fluída com uma escrita bonita. Ouvi algures alguém dizer que, mais que escritor,  Patrick Rothfuss é um poeta. E eu estou completamente de acordo. As canções/histórias que vão aparecendo são maravilhosas. 

Para além de um ou outro apontamento não é um livro divertido (o que me deixa sempre feliz, não tenho paciência para tentativas de humor). Por outro lado há imensas passagens que apelam à reflexão e isso, sim, é algo que me conquista sempre. 

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