O meu nome é Lucy Barton, de Elizabeth Strout
Esta é um bocadinho da história de Lucy, contada na primeira pessoa. Não é daqueles livros onde se sente a crueza da memória ou a implacabilidade da verdade. Acho que se sente exactamente o que Strout nos quis passar: a história de uma escritora a procurar-se, com a honestidade possível. Sob uma capa de leveza e beleza, a escritora (a Lucy, não a Strout) mostra-nos uma mulher marcada por uma vida de solidão e abandono e faz-nos ficar de coração apertado ao longo da leitura. E ainda assim, este é um livro que nos deixa de bem com a vida.
Mas talvez me esteja a adiantar. Lucy está confinada ao hospital, após uma operação que não correu bem, a ver a vida dos outros a passar. Quando a mãe, com quem não tem grande ligação há anos, vem passar 5 dias com ela, Lucy é obrigada a pensar no seu passado de pobreza material e, acima de tudo, emocional.
Nestas páginas fala-se sobretudo de solidão. As relações neste livros (seja entre Lucy e a mãe, Lucy e as filhas ou Lucy e William) são sempre marcadas pela solidão. Lucy não se tenta mostrar como a mulher perfeita e essa vulnerabilidade é a sua enorme força. Sem escamotear a falta de amor e de cuidado que marcou a sua infância e juventude, esta é a luta de uma mulher para aprender a amar e a relacionar-se com os outros.
Este não é um livro com uma história linear ou sequer com uma história com princípio, meio e fim. É um livro cheio de episódios, mais ou menos pitorescos, que nos vão dando a conhecer a pessoa que está a escrever a história, tanto pelo que diz como pelo que cala.
Não sei quando (ou sequer se) vou ler os outros livros da série mas é uma boa opção para uma leitura rápida num fim de semana. No geral, gostei bastante deste livros e da Lucy Barton.