O machismo das pequenas coisas
Foi uma decisão histórica e hoje é esta vitória que quero realçar:
Supremo condena homem a pagar quase 61 mil euros a ex-companheira por trabalho doméstico
Há uns anos concentrava-me nas grandes lutas e era a chata de serviço neste dia. Não quero flores, não quero comemorações, nunca quis. E porque era a voz dissonante no meu grupo de amigos, familiares e conhecidos era olhada com um misto de pena e paternalismo. Mas eu dedicava-me às grandes lutas e quem pode não concordar com a luta contra a violência doméstica ou mutilação genital feminina?
O verdadeiro problema foi quando me comecei a dedicar às pequenas coisas. Aos pormenores. A aceitar que, por mais feminista que fosse, também eu tinha uma dose daquele machismo estrutural com o qual fomos educados (e eu fui educada por uma feminista) e a lutar contra esses preconceitos todos os dias. Aí a coisa começou a ser diferente. Deixou de ter piada quando comecei a exigir o respeito pelos meus valores e a não aceitar de ânimo leve alguns comentários e muitas acções.
Estamos em 2021 e ainda há quem ache natural pôr apenas homens a debater as mulheres e o emprego (não fosse o sururu que isto deu e tinha ficado mesmo assim), há um outro live no facebook da Leadership and comunication academy em que 9 homens vão partilhar o que mais valorizam na comunicação de uma empresária (!) e assim vamos...
O caminho até à igualdade de direitos, deveres e oportunidades ainda é longo. Nas grandes e nas pequenas coisas.