28
Mar11
O homem que sonhava ser Hitler, de Tiago Rebelo
Patrícia
Sinopse
No pátio das traseiras de um prédio de um pacífico bairro de Lisboa, uma criança é atacada por três homens e deixada em coma. Ao investigar o que inicialmente se supõe ser um mero acto de cobardia de um grupo de cabeças-rapadas que resultou em tragédia, as autoridades vão descobrir uma gigantesca conspiração que prova que, nunca como hoje, a democracia e o estado de direito estiveram tão ameaçados em Portugal. Neste surpreendente romance, Tiago Rebelo abre-nos a porta dos fundos do lado mais obscuro da política nacional dos nossos dias, onde nada é o que parece ser e onde se desenrolam acontecimentos extraordinários que colocam em perigo toda a sociedade, sem que esta se aperceba do que está realmente a acontecer. O inspector-chefe, António Gaspar, da Polícia Judiciária, leva a cabo uma investigação, que, a cada passo, ameaça a sua vida e a da mulher que ama,a ex-namorada que ele procura recuperar no desvario dos dias perigosos que põem em risco a nação.
Este foi o primeiro livro do Tiago Rebelo que li. Não sendo um livro espectacular gostei bastante. Lê-se bem, tem uma escrita acessível (talvez até demais) e o tema e a forma como é abordado é do género de nos prender à leitura. Acho sempre que um livro policial, desde que não seja completamente absurdo, tem essa capacidade.
Ora ler sobre um crime perpetuado por um grupo de extrema-direita é sempre algo que nos desperta o interesse e o nosso lado social e anti-extremismo que (quase) todos nós temos. Apesar disso acho que o escritor podia ter escrito aquela mesma história sem evidenciar tanto a pura loucura do líder do partido em questão. Convenhamos que um líder de extrema-direita (ou de qualquer outra ideologia politica) louco é perigoso e pode provocar o caos. Mas um líder de extrema-direita (ou de qualquer outra ideologia extremista) não louco pode ser muito mais perigoso e provocar consequências a médio/ longo prazo muito mais importantes. Algumas personagens do livro estão muito bem construídas. A pura maldade de alguns personagens chega a assustar, principalmente porque ela é entrelaçada com dúvidas e atitudes humanas e razoavelmente sãs o que não faz delas puras caricaturas do mal mas algo muito mais assustador: gente com maldade pura, gente que provavelmente existe por aí, no meio da sociedade.
Não pude deixar de me questionar o que naquele livro é real e o que é pura ficção.