03
Jun10
Livros e leituras
Patrícia
Ontem estive numa tertúlia literária com a escritora Lídia Jorge que escreveu livros como “O vento assobiando nas Gruas” e “A costa dos murmúrios”. Adorei, claro. A escritora é amorosa e para alguém que gosta de livros é muito interessante estar à volta de uma mesa (éramos poucas) à conversa com uma escritora. Falou-se de livros, claro. Em particular falou-se de “O vento assobiando nas gruas” e foi muito interessante conhecer a opinião da escritora, saber como nasceu a “Milene” e como ela “chamou todas as outras personagens”.
Mas também falámos de preconceito. De como há tanto preconceito com os escritores Portugueses, em especial com as mulheres escritoras. Gostei da perspectiva da escritora que se recusa a queixar-se. Assim este ponto da conversa foi breve.
Mas eu não tenho nenhum género de problemas em falar sobre isso (aliás já não é a primeira vez aqui no blog) e portanto cá vai: Eu acho mesmo que há um enorme preconceito. Eu mesma me sinto preconceituosa. Aconteceu-me com a Rosa Lobato Faria acontece-me com muitas outras escritoras. Há muita comparação entre estas escritoras e a Margarida Rebelo Pinto que apesar de ter a qualidade de ter posto muita gente a ler é uma escritorazinha perto destas senhoras. Não que os romances de cordel não tenham o seu mérito, porque têm. Mas têm um público-alvo muito diferente e específico. E temos a tendência para juntar nesse grupo todas as escritoras e julgá-las pela mesma bitola. Erro crasso. Perdemos oportunidades de ler óptimos livros e aprender muito.
Há também a falta de publicidade (se não em quantidade pelo menos em qualidade) aos autores portugueses. E há o preço dos livros (é impressionante mas às vezes é mais barato comprar um livro de um autor Português noutra língua). E há os escritores da moda, os livros da moda que podem ser ou não fantásticos que vendem sempre.
Outro erro, na minha opinião, é nas nossas escolas não se apostar na leitura dos livros actuais. Sim, os Maias são fantásticos e são riquíssimos em relação à linguagem e à história e à mensagem e tudo o mais. Mas a verdade é que ninguém vai aprender a amar os livros a ler os Maias, ou os Lusíadas (que acho maravilhosos) ou o Amor de perdição (giro que se farta, mas um bocadinho “out” nos tempos que correm). Felizmente já há professores com a coragem de escolher os “não-clássicos” que pertencem à lista dos livros de leitura aconselhada. Infelizmente são poucos.
Eu acho que podemos, todos, mudar esta realidade. Ler é tão bom. Só é preciso descobrir isso e que há livros para todos os gostos.