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Ler por aí

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08
Mar25

Literatura feminina

Patrícia

Nunca me senti confortável com a ideia da Literatura Feminina. Sempre foi uma caixinha de que não gostei. Não gosto de caixinhas, para dizer a verdade. E levei muito tempo a perceber que algumas caixinhas são importantes.

Mas voltando à literatura feminina, nunca sei se diz respeito aos livros escritos por mulheres ou aos livros escritos para mulheres. O que sei é que geralmente a expressão é usada como sinónimo de "livros sem qualidade que as mulheres leem", e a verdade é que sempre foi a este desprezo que reagi. Ouvi à Patrícia Reis uma expressão cuja essência me ficou na memória (não sei se as palavras foram bem estas): “se for uma mulher a escrever é sobre o amor, se for um homem a escrever a mesmíssima coisa é sobre a condição humana”. E a verdade é que nós, mulheres, somos a maioria dos leitores, temos a faca e o queijo na mão e deixamo-nos menorizar a cada momento.

Aliás, não apenas nos deixamos menorizar como nos menorizamos. Somos parte activa desta desigualdade. Afinal, a maioria dos leitores são mulheres, mas a maioria dos escritores (nem falo dos premiados) são homens.

Quando falo deste tipo de coisa, a conversa descamba muitas vezes para o ridículo, como se por reconhecer e ter vontade de lutar contra a desigualdade, estivesse a atacar os homens escritores em particular e os homens em geral. Não, não vou deixar de ler livros escritos por homens. Mas vou, conscientemente, ler mais livros escritos por mulheres.

Ah, mas não é justo, devias ligar mais à qualidade do que ao género de quem escreve.”

Verdade... se vivêssemos numa sociedade justa, se não tivéssemos um passado de desigualdades. A meritocracia (na literatura ou em qualquer outra área) parte do princípio que todos partem do mesmo ponto, têm as mesmas oportunidades e que é apenas o mérito pessoal que faz a diferença. Ora, isso não é verdade. Não é verdade na vida, não é verdade na literatura.

E sim, as coisas já estão muito mais justas. Mas isso só acontece porque houve quem lutasse com unhas e dentes para que isso acontecesse. Porque raio haveria eu de deixar de contribuir com o que posso?

Ainda não temos igualdade de deveres, direitos e oportunidades. Aliás, acredito que estamos a regredir e por isso é cada vez mais premente lutar de forma consciente para construir uma sociedade justa.

Outra razão para ler mulheres é que elas escrevem mesmo bem. São uma lufada de ar fresco, sempre foram. E porque gosto de as ler. E porque as quero ler.

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