Leituras de um Natal passado
Quando as exigências familiares acalmavam, o cansaço descia sobre os membros da família e cada um tinha a liberdade de fazer o que bem entendesse, chegava a hora de olhar para a pilha de livros, escolher um e começar a ler. O dia de Natal era habitualmente passado na casa da minha avó onde havia um candeeiro de pé e uma cadeira bem pequenina perfeitos para mim. O resto do pessoal via televisão, punha conversa em dia ou fazia mais uma ronda à mesa dos doces e eu aninhava-me ali e viajava para um qualquer mundo dentro de um livro. Eventualmente alguém me perguntava como conseguia ler com todo o barulho (nunca tal coisa me incomodou) ou insinuava que não devia estar a perceber nada do que estava a ler mas de resto deixavam-me estar. E eu gostava. Era o bocadinho de Natal de que mais gostava. Aquelas horas dedicada aos livros que tinha recebido. E na altura eram bastantes.