Hardy, irmãos em acção, versão 2019
Ontem descobri, por puro acaso, que os Hardy tinham ressuscitado pela mão da editora Bertrand. A minha primeira reacção foi de um enorme sorriso. Voltei à minha infância, às histórias de mistério em que acompanhava Frank e Joe enquanto estes resolviam mistérios e crimes.
A minha segunda reacção foi: mas que raio, os Hardy? Isto vai ter sucesso?
Eu não duvido que vá vender. A minha geração e as gerações antes da minha garanti-lo-ão. Os Hardy, como a Patrícia ou a Nancy Drew fazem parte da nossa infância e quando chegar a altura de oferecer um livro, a parte afectiva vai ajudar-nos a tomar uma decisão - afinal queremos que os putos tenham as mesmas experiências literárias que nós.
Conheço mais ou menos a história da série - e as polémicas que a envolveram, obrigando a várias revisões após queixas de racismo e xenofobia - e não falo do "politicamente correcto" de hoje em dia uma vez que a primeira revisão foi de 1959. Mas com esta revisão os Hardy, que eram pobres e um bocadinho anárquicos, passaram a ser ricos e respeitadores da lei. As personagens não brancas quase desapareceram da série (para apenas voltarem nos anos 70), os enredos foram alterados para eliminar cenas e pormenores de maior violência.
A série conseguiu sempre reinventar-se e sobreviver, e foram muitos os livros editados em cada uma das séries - há uns 190 volumes no The Hardy Boys Mystery Stories (cá foram editados como Os Hardy em Acção, pela Verbo), 42 nas série Nancy Drew and the Hardy Boys (Be a Detective Mystery Stories e SuperMystery Series), 127 na The Hardy Boys Casefiles Series, 17 na The Clues Brothers, uns 40 no The Hardy Boys: Undercover Brothers, que teve mais de 20 graphic novels e já há pelo menos 20 títulos no The Hardy Boys Adventures que começaram a ser editados em 2013.
Como volta e meia gosto de ir procurando pelos livros da minha infância/adolescência e porque gosto de saber o que se vai editando para os 9-12 anos (ainda nada conseguiu bater as viagens no tempo, da Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada) fui logo cuscar esta ressurreição dos Hardy.
E eu, que esperava a edição de alguns dos livros não editados em Portugal fiquei um bocado desiludida quando percebi que não, que são reedições de livros que já se venderam por cá (eram editados pela Verbo) - e enervo-me sempre quando isso não é referido quando se fala deste tipo de livro - "A Bertrand Editora publica pela primeira vez os dois volumes que iniciam esta saga de clássicos juvenis" ... é verdade, a Bertrand edita pela primeira vez... mas a Verbo já editou antes e apesar de ter também presença no Brasil, esta editora tinha uma enorme presença cá.
Agora estou cheia de curiosidade para analisar o texto e perceber se houve uma nova tradução (a antiga tradução de O tesouro da torre era da Maria Helena Lopes Ribeiro, foi editado pela Verbo em 1989), se mexeram no texto (o original é de 1927) e se o "actualizaram" ou se é apenas uma nova revisão e uma capa. Infelizmente, pelos detalhes do produto no site da editora não consigo perceber (devia ser obrigatório indicar o tradutor)
A minha versão era esta:
Quando puser as mãos nesta nova versão hei-de reler ambos e depois venho cá contar-vos tudo.