14
Dez14
Galveias, de José Luís Peixoto
Patrícia
Sou mais filha dos meus pais, neta da minha avó do que sou eu própria. Pelo menos lá, na aldeia onde nasci. E por isso e porque em cada personagem deste Galveias reconheci os meus, os do passado e os do presente, adorei este livro. Porque o José Luís Peixoto, que nem que queira escreve mal, escreveu tão bem a minha aldeia, cada aldeia deste Portugal, tão igual e tão diferente.
Talvez por me ter sentido em casa, em Galveias, li este livro (quase sempre) com um sorriso. Não é um livro sempre feliz, tem imensos episódios (já vos tinha dito que este livro é mais composto de episódios do que de uma história completa e linear?) divertidos. Nunca terei a certeza de quais são os reais e quais os que moram na imaginação do escritor mas tenho as minhas suspeitas. Afinal há muito por onde escolher: há os irmãos que se zangam uma vida inteira, a professora que é do norte e se farta de dizer palavrões, o Catarino embeiçado pela puta, a puta que também é padeira, o guarda da cortiça, a menina que vai estudar para fora, o dono daquilo tudo, a igreja, o padre que é acima de tudo bêbado, as velhas, as novas, a cadela e a Rosa.... Ai a Rosa, nem me atrevo a falar da Rosa (mas o que eu ri, senhores, o que eu ri). E tudo, tudo, com o "divino" cheiro do enxofre. Pelo menos até que chega o bebé que veio transformar tudo.
Ainda por cima tive o privilégio de ouvir o escritor a falar deste e doutros livros e rendi-me. Depois de não ter gostado por aí além do "cemitério de pianos", de ter gostado bastante do "Livro", fiquei cheia de vontade de ler mais de José Luís Peixoto.
Depois de ter lido este livro posso dizer: 50% dos livros que li em 2014 foram de autores Portugueses. Agora é só manter ou aumentar a média :)