Férias e livros
Férias para mim são sinónimo de leitura. A verdade é que nunca fui grande fã de praia (já piscina é outra coisa) e nunca me lembro de ir para uma sem carregar um livro. Não sou uma grande companhia na praia ou na piscina ou em qualquer sítio de "descanso" porque gosto de estar "na minha" a ler. Habituei-me assim, as minhas companhias nestes momentos sempre foram leitores como eu ou pessoas que, não o sendo, apreciam o silêncio acompanhado. Sim, conversamos nas pausas da leitura e pouco mais. Gosto de ficar horas a ler, sem que me chateiem ou me pressionem para conviver. A minha definição de descanso implica mergulhar num livro. Quando era miúda sempre passei as férias grandes longe dos meus amigos mais chegados. Estudei longe de casa desde os meus 9 anos e voltava a casa nos fins de semana e nas férias grandes. Para ajudar à festa, a minha casa era numa aldeia, não havia grande coisa para fazer durante as horas de calor (por lá, os pais só nos davam autorização para ir laurear depois das 18h) e eu não sou do tempo das mil e uma séries de TV. E a verdade é que sempre dei mais valor aos livros que à televisão. Tivesse eu um daqueles livros que não conseguia parar e nada me arrancava de casa ou do programa de leitura. E a minha mãe já sabia que a minha recusa em ir brincar ou laurear tinha mais a ver com o livro em si que com qualquer tristeza ou falta de amigos... porque assim que acabava o dito lá ir eu voando para a rua. Ainda hoje fico extremamente frustrada se tenho que parar uma leitura a meio para fazer qualquer outra coisa, especialmente se estiver de férias.
Não acho que existam livros de verão ou de férias ou seja lá o que lhes chamam. Pessoalmente gosto de ir variando. Mas acho que o momento ideal para ler calhamaços é quando temos tempo de sobra (a adolescência e as intermináveis férias de verão são perfeitas para os ler) mas ultimamente tenho escolhidos livros mais curtos para estes períodos. Resisto aos policiais que são de leitura rápida mas que me deixam sempre com um certo vazio no final. Não aquele vazio de saudade mas o sentimento de que estive a perder o meu tempo. Escolho-os quando preciso mesmo, mesmo, de esquecer a vida. Leio policiais por desespero, não por prazer (lembro-me que nas piores férias da minha vida despachei uns 6 em pouco mais de uma semana).
Agora estou a ler a versão portuguesa do The Way of Kings, do Brandon Sanderson. Por cá ficou "O caminho dos reis" e confesso-vos que estou a lê-lo como se fosse a primeira e não a terceira vez. Este bichinho pesa mais de 1kg e ainda me vai matar quando me cair em cima mas está a dar-me um gozo do caraças voltar a Roshar. Escuso de vos dizer que é das melhores coisas de fantasia que já li e que recomendo. Percebo que para muitos é difícil um compromisso com uma série de fantasia, que são muitos livros, muitos grandes, muito tempo. Mas isto é tão bom...
Eu sei que o livro é caro (comprei-o, sei exactamente o quão caro é) mas cada euro é bem gasto. E se tiverem filhos/as adolescentes e com tempo para gastar, é um bom investimento. E talvez os afaste um pouco dos telemóveis e internets desta vida. E se já passaram da adolescência, este tb é um livro para eles e para vocês, fantasia épica não é a mesma coisa que livros de aventuras. E este mundo é do caraças, o autor é conhecido pelo seu worlbuilding e tem uma legião de fãs.
E porque eu gostava muito que a editora publicasse os outros (estão mais 4 escritos, o último dos quais será publicado no dia 06 de dezembro deste ano) e desconfio que isso só acontecerá se este vender decentemente. Se depender de mim, isso vai acontecer apesar de, tal como a maioria dos fãs de Cosmere, já o ter lido no orginal.