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Ler por aí

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28
Mar22

Falemos sobre... tristeza

Patrícia

Às vezes temos tendência a achar que estar feliz incomoda muita gente mas experimentem estar tristes. Experimentem responder "não" em vez do tão português "vamos andando" à pergunta tudo bem? e sintam o incómodo e choque que essa resposta provoca. 

Na verdade tenho que ser sincera: nas primeiras vezes a tristeza de alguém dá a oportunidade à empatia (sei como te sentes), à amizade, à disponibilidade (estou aqui para ti) e a várias outras manifestações de carinho. E a verdade é que todas estas manifestações são, não apenas bem intencionadas mas verdadeiras. Mas a tristeza é, de todos os sentimentos, aquele que mais cansa, o próprio e os outros.

Infelizmente o próprio não pode optar por se afastar da sua própria tristeza mas os outros podem. E frequentemente, fazem-no. A tristeza pega-se e como tal há tantos que se protegem de uma potencial infecção. Mas a ausência como resultado da tristeza de outrem não é a pior das consequências.

O pior é quando se faz questão de mostrar o quão a tristeza dos outros pesa; o quão egoísta é aquele que não consegue esconder essa tristeza; o quão fraco é aquele que não a consegue ultrapassar. O pior é sentir que não se tem direito a estar triste, a sentir aquilo que se está a sentir.

A tristeza boa é a tristeza romântica, sofrer por um amor, por um tempo limitado é aceitável. A tristeza por nojo (leia-se luto, para quem não conhece a expressão) é também aceitável mas também por um tempo limitado e com peso, conta e medida. A tristeza que se transforma em arte, essa, sempre foi enaltecida. As outras formas de tristeza são dispensáveis e tantas vezes tratadas com uma espécie de condescendência que roça o insulto.

Porque teremos deixado de saber lidar com a tristeza dos outros? Porque insistimos em acrescentar-lhe o peso da culpa, da vergonha, exigir-lhe a decência do isolamento, da ausência?

Provavelmente não conseguirão eliminar as causas da tristeza dos outros mas não há tristeza que não seja atenuada com um abraço, com um chocolate quente (ou frio), com um passeio ou simplesmente com a abertura para ouvir, sem julgar e sem mostrar que é um frete aturar aquilo.

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