Estudos, estatísticas, números.. precisam-se. Com urgência.
É mais ou menos consensual que cada vez se lê menos. Há menos leitores.
É verdade que, tal como disseram o Guilherme e o Hugo, numa conversa bastante interessante no podcast Sem Barbas na Língua, muitas das competências que adquirimos ao ler um livro podem ser adquiridas noutro género de leituras ou ou até noutro género de actividade - quem diz que, por exemplo, a criatividade não pode ser estimulada com um jogo de computador?
A este respeito também gostei bastante da conversa, moderada pela Fernanda Almeida, entre a Patrícia Reis, a Inês Pedrosa e a Rita Ferro no A Páginas Tantas de 15 de Maio.
Num país tão pequeno como o nosso, o que fará isto ao meio literário, aos livros?
Sem leitores, ou com menos leitores, o mercado terá que se adaptar e redimensionar necessariamente e todos sofreremos com isso. Escritores, editores, livreiros e leitores.
Eu gostava de ter dados mais específicos:
Perceber qual a real dimensão da queda de leitores. Há uma diferença entre leitores e pessoas que compram livros. Será a queda em ambos os grupos proporcional?
A relação entre leitura e compra de livros alterou-se? O mercado paralelo de venda de livros está a deturpar estes dados? Qual é a dimensão do mercado paralelo? Se incluirmos o mercado paralelo (e aqui falo de olx, custo justo e afins; grupos de facebook; feira da ladra e restantes "dealers") qual a dimensão do universo de leitores?
E qual a dimensão de leitores que compram em sites estrangeiros? Bookdepository, amazon e tantos sites de livros em segunda-mão... quão residual é este grupo? É que a mim não me parece, de todo, que seja residual.
Estudos, estatísticas, números.. precisam-se. Com urgência.
É preciso perceber qual o peso do preço dos livros na compra de livros. E qual o peso do preço dos livros na leitura. E não, não me estou a repetir. Compra e leitura de livros são efectivamente variáveis diferentes. Qual o peso do preço dos livros na compra de livros em sites estrangeiros.
É preciso perceber quais as razões para que os miúdos e graúdos optem por outras actividades em detrimento da leitura (é fácil culpar os dispositivos electrónicos mas também é uma treta).
É preciso falar e pensar leituras obrigatórias, o papel da escola na leitura, o papel da família, a localização e o número de bibliotecas. Os livros existentes das bibliotecas. O papel das comunidades.
É preciso perceber efectivamente o que se passa, os porquês para pensar em formas de acção.