Diário de leituras #3 ou a vontade que tenho de ler tudo
Nos últimos anos tenho andado meio arredada de algumas leituras. A vida acontece e deixei de ter disponibilidade mental para determinadas coisas, sendo a mais importante delas a leitura. Nos últimos 2 anos li acima de tudo fantasia, o meu género conforto, ficção cientifica e policiais. Volta e meia lá pegava num livro mais desafiante mas foram estes os géneros que me salvaram quando precisava esquecer o presente, o mundo e limpar a cabeça. A vida continua a acontecer mas habituamo-nos a tudo, organizamo-nos e, de alguma forma, voltei a ler livros desafiantes e voltei a ter, sobretudo, vontade de os ler. A minha lista (se eu fizesse listas) de livros para ler é novamente enorme e diversificada. Voltei a ouvir podcasts sobre livros e isso também ajudou (ando a ouvir os Verdes Anos, o podcast do jornalista Ricardo Duarte, onde ele conversa com escritores sobre o percurso que percorreram até à publicação dos seus primeiros livros). Não me lembro da última vez que aguardei a publicação de um livro e agora isso acontece. Já tenho vontade de me enfiar numa livraria e ficar lá a escolher um ou dois livros. E a verdade é que nada disto acontecia há muito tempo.
Há dois anos, quando fui à feira do livro, comprei livros que sabia poderem interessar-me ou, pelo menos, ficar bem na estante, porque a verdade é que chegar a casa sem livros, que era o que me apetecia, ia levantar demasiadas perguntas, demasiada preocupação e eu já tinha que lidar com a constatação do facto de estar no fundo do poço, não precisava de lidar com perguntas. Nestes anos entrei muitas vezes em livrarias e saí de lá sem nada, por escolha e falta de vontade. No meu trabalho temos o hábito de oferecer uns aos outros, no aniversário, cheques oferta e claro que o meu é sempre para gastar em livros e, apesar do meu aniversário ser em Fevereiro, só este mês o gastei.
A minha relação com a leitura sempre foi uma forma simples e eficaz de me perceber. Não sou como muita gente que deixa de ler quando está triste ou que lê menos quando está feliz; eu leio quase sempre, simplesmente leio livros diferentes dependendo do estado de espírito. E este renovado interesse por livros de que vou ouvindo falar é o sinal que estou, lentamente, a voltar a ser eu.
Ah, Ando a ler o segundo volume do Livro do Pó, ainda não me decidi se é o melhor ou o pior livro da série. A acção passa-se 10 anos depois do Telescópio de Âmbar (isso foi uma boa surpresa, já que primeiro volume se passa 10 anos antes da história contada na trilogia dos Mundos Paralelos) e Lyra e Pan estão crescidos e bastante diferentes - e a coerência dessa diferença é aquilo que me faz hesitar. Acho que só vou mesmo decidir no fim. E também tenho lido alguns textos dos Evangelhos Apócrifos, traduzidos pelo escritor Frederico Lourenço, textos que sempre me interessaram.