Descobri que estava morto, de J.P. Cuenca
J.P. Cuenca, um dia, descobre que está morto. Aliás, é informado pela polícia de que, anos antes, um cadáver descoberto num prédio devoluto foi identificado, por uma mulher, como sendo de um tal João Paulo Cuenca, filho dos seus pais e com o seu número de identidade. Foi fácil provar que estava vivo, afinal no dia em questão dava autógrafos a belas Italianas (pronto, estou a divagar) na apresentação de mais um livro. Imaginar-se-á que, tal confusão, é um maravilhoso argumento nas mãos de um escritor e que teremos à nossa espera uma deliciosa trágico-comédia de confusões burocráticas. Na verdade o escritor envolve-nos na busca da verdadeira identidade do tal homem morto (que sem qualquer segunda intenção se apodera da sua identidade – a primeira é obviamente morrer) e conduz-nos numa viagem à parte mais negra do protagonista (nesta fase já convém fazer uma certa distinção entre escritor e protagonista) passando por uma crítica mordaz à sociedade Brasileira.
Li este livro de duas assentadas – acho, aliás, que é melhor forma de o ler. Deixei-me arrastar pela história (coisa que adoro fazer) e pela escrita (muito boa) e dei por mim, às páginas tantas, a perceber que aquilo ia dar uma grande volta o que não me impediu de acabar o livro com um “como raio é que isto aconteceu?” e ficar a remoer naquilo durante algum (muito) tempo. Das primeiras coisas que fiz depois de acabar de ler este livro foi reler algumas partes. E ainda hoje (e já passaram alguns dias desde que o acabei de ler) fico fascinada com aquele final. É meio esquisito mas é o tipo de loucura de que gosto. (e fiquei com vontade de rever o Inception, o Memento e o Predestination).
Para mim foi uma boa surpresa e fiquei cheia de vontade de ir mais do autor (vá, fiquei com vondade de ler o “o único final feliz para uma história de amor é um acidente”, título genial e que me arrancou uma gargalhada – e olhem que sou uma crente no amor)