08
Jun15
Desamparo, Inês Pedrosa
Patrícia
Quase me envergonho de admitir que só li este livro porque foi o escolhido para a última reunião do Grupo de Leitura da LEYA. Depois de uma experiência menos feliz com um dos livros da escritora (e sinceramente já nem me lembro porquê mas desconfio que a idade e a maturidade tiveram qualquer coisa a ver com isso) comecei a deixar os livros da Inês Pedrosa para depois.Mas aviso desde já que me reconciliei com a escritora e com a sua escrita. Coma escritora porque nas horas que partilhou connosco foi extremamente simpática e interessante. Com a escrita porque, no final, gostei imenso deste livro. Ouvi-la na feira do livro foi um privilégio. E deixou-me com vontade de ler mais dos seus livros.
Mas falando deste Desamparo... Comecei mais ou menos interessada e até gostei da história que nos é contada na primeira metade do livro. É quase impossível não nos encantarmos com Jacinta, com as suas perdas e as suas dores,com as alegrias e a esperança que nunca perde. De uma forma ou de outra, todos conhecemos Jacintas, mulheres imperfeitas que ainda assim não merecem o desamparo e a solidão. Todos conhecemos ereceamos o abandono da velhice, o medo da solidão. Mas foi a Clarisse, a mulher da segunda metade do livro que me conquistou. O que querem? Às vezes são os personagens secundários que nos interessam e nos conquistam. E a Clarisse fez-me ficar a ler até às tantas. Nem sempre concordei com ela e amiúde apeteceu-me abaná-la mas, ainda assim,...
Acho que nunca me tinha acontecido não conseguir ler o livro antes da reunião do grupo de leitura e do respectivo encontro com o escritor mas (há sempre uma primeira vez) isso aconteceu com este livro e foi óptimo. Ouvir a escritora falar do livro fez-me prestar atenção a pormenores, a episódios da história, que de outra forma ter-me-iam passado despercebidos. E, um dia,quando me voltar a cruzar com a Inês Pedrosa, dir-lhe-ei que “sim, também me ri”.