Curtas 2017 #7 - Direitos dos leitores (parte 1)
Já li muitos livros maus na vida. E não me arrependo nem um pouco. Ainda hoje reservo o direito a ler maus livros. E também reservo o direito a considerar que há de facto maus livros.
Mas também é verdade que, às páginas tantas, decidi começar a fazer um esforço consciente para evoluir enquanto leitora, para ler melhor em vez de apenas ler mais. Comecei a aceitar verdadeiros desafios literários, ler aquele tipo de livros que nos fazem chegar ao fim e desconfiar que não apanhámos toda a mensagem que o escritor queria passar. Tantas vezes acabo de ler um livro e sinto-me um bocado burra porque "juro que perdi qualquer coisa pelo caminho".
Enquanto leitora considero fundamental este lado educativo dos livros. Crescer enquanto leitora faz-me crescer enquanto pessoa, enquanto ser humano. Aprender e não apenas divertir-me é algo que pretendo enquanto leio um livro.
Mas, ainda assim, vou continuar a ler maus livros de vez em quando. O lado puramente lúdico dos livros é importante. Vou continuar a ler maus livros que me divirtam, que façam passar umas horas sem pensar em mais nada. É verdade que há livros que, sendo bons também têm este lado lúdico bem patente mas hoje falo daqueles que, assumo perfeitamente e sem qualquer pudor, são má literatura, não acrescentam nada à minha vida mas que me divertem horrores e me deixam com um sorriso nos lábios.