Curtas 2017 #10 - Direitos dos leitores (parte 3)
Mudar de opinião acerca de um livro é mais do que um direito. Mudar de opinião é natural, saudável e, diria até, fundamental.
A nossa idade, maturidade e experiência são fundamentais para a apreciação de um livro.
Não falo apenas dos livros que adoramos em criança ou na adolescência. Falo, acima de tudo, dos livros que lemos numa determinada altura da nossa vida adulta e que, uns meses ou anos depois, relemos e nos apercebemos de que a nossa opinião anterior já não faz qualquer sentido.
Há livros que me recuso a reler porque os adorei e tenho pavor de os "estragar". São livros que me marcaram e que eu considerei, num determinado momento, maravilhosos mas que sei que me vão desiludir se os ler com os "olhos" de hoje. Sinceramente prefiro não o fazer. A "ideia" que tenho do livro, o sentimento bom que ficou, é suficiente. Chega-me saber que aquele livro foi o certo na altura certa".
Há também o contrário: livros que não gostei muito e que hoje (ou no futuro) serei capaz de ler de forma diferente. (Sei hoje que) Na altura li-os de uma forma superficial, que não tinha capacidade para apreciar todas as suas camadas.