18
Ago10
Bons livros, maus livros...
Patrícia
No outro dia, em conversa com uma menina, enquanto ela me falava da “forma” e do “estilo” dos livros eu falava-lhe da história e do que sentia em relação aos livros. Apesar da mesma paixão pelos livros cada uma de nós olha-os de forma diferente. Ela foi ensinada a ler um livro sob determinada perspectiva devido à formação académica que tem. Eu aprendi a amar os livros através dos próprios livros e através dos conselhos dos amigos e família.
E é engraçado como somos diferentes, como a nossa opinião é oposta relativamente a tanta coisa.
A maioria das pessoas que gosta de livros tem a sua opinião em relação aos escritores, aos vários estilos literários e ao tipo de livro que considera “bom” ou “mau”. E é mais ou menos geral falar-se da Margarida Rebelo Pinto como uma escritora de maus livros. Leio e ouço tantas vezes expressões do género “As Margaridas Rebelo Pinto deste mundo….” que chega a irritar-me.
Não estou aqui a dizer que a senhora escreve bem ou mal, que gosto ou deixo de gostar dos livros dela, que os considero uma obra prima da literatura Portuguesa ou o género de livro que não perco tempo a ler. Mas a verdade é que os livros da senhora se vendem como batatas fritas e mesmo considerando que são lidos apenas uma percentagem dos livros comprados ou oferecidos, os livros dela são dos mais lidos por cá.
E esse valor ninguém lhe pode tirar. Ela pôs muita gente a ler. E isso é sempre positivo. Ainda me lembro bem do furor que o “sei lá” fez.
Em Portugal muitos escritores escrevem apenas para uma elite que lhes aprecia o estilo e escrita. A grande maioria das pessoas não gosta e não tem paciência para ler livros estranhos, com palavras de “sete e quinhentos”, com frases inacabadas (quando li o “cemitério de pianos” de José Luis Peixoto, aquilo já me estava a irritar) ou com outras liberdades literárias que só são permitidas aos “grandes” de quem os críticos gostam.
Eu acho que ler é fantástico e já vos disse que não sou uma leitora muito exigente num post anterior. Tenho, como toda a gente, escritores que venero e outros de quem não posso ouvir falar. O que não sou é pedante ao ponto de achar que os outros têm o direito de gostar daquilo de que eu gosto. E acho mesmo extremamente positivo que haja escritores para todos os gostos.