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Ler por aí

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08
Jul13

Ainda Alice, de Lisa Genova

Patrícia




Quando a Márcia, no meu primeiro encontro da Roda dos livros, falou neste livro o meu coração falhou uma batida. Quando,muito ao seu jeito, leu algumas passagens ficou-me uma dor no peito que não melargou todo o dia. Ela foi a última a falar e ainda bem que acho que não tinhaficado lá se tivesse sido a primeira e aquelas palavras continuassem a ouvir-sena minha mente.
Claro que tinha que ler este Ainda Alice. Masmesmo aquelas palavras não me prepararam para a viagem que ia fazer ao ler estelivro. Sinceramente não me interessa se está bem escrito, se tem uma linguagembonita ou não.
Ler este livro é conhecer o meu Pai. Ele, talcomo Alice, teve Alzheimer Precoce. Ele, tal como ela, perdeu-se de si e de nósdemasiado cedo. Eu era uma miúda quando isso aconteceu mas de alguma formaconvenci-me de que ele não teria tido total consciência da degradação da suamente e que a sua doença teria sido mais horrível para os outros do que parasi. Ao ler este livro essa esperança ruiu. E apesar de pensar “isto é um livro,é impossível ter a certeza do que outro alguém sente” não posso deixar de saberque para ele o caminho deve ter sido excruciante.
Li várias opiniões sobre este livro e eraunânime que este livro devia ser lido por quem conhecia alguém com Alzheimer.Sinceramente não concordo. A realidade é suficiente, ler isto é pura tortura.
Está tudo aqui. Os primeiros lapsos, asprimeiras falhas, o diagnóstico incorreto ou incompleto que faz com que otratamento seja tardio e que, no entretanto, haja quem se julgue louco (e nemsempre é o doente). A desorientação que faz com alguém se perca no seu caminhopara casa. A perda de capacidades cognitivas. O afastamento dos amigos, a marcaescarlate que uma doença mental acarreta. As alucinações. O amor mais sentidoque pensado e que mesmo assim insiste em aparecer. Os erros, os acertos, dosoutros, da família que  tem que fazeropções.
E a derradeira opção. O momento de parar. Apossibilidade de escolher. Quais são os limites da dignidade humana? Será queos momentos de pura felicidade que podem existir compensam tudo o resto? Quando é a que liberdade de morrer na altura certa vai ser dada a todos?
Não é um livro para toda a gente. Atrevo-me adizer que nem toda a gente merece ler este livro. Porque este livro tem que serlido com o coração.

Sinpse
O mundo de Alice é perfeito. 
Professora numa conceituada universidade, é feliz com o marido, os filhos, a carreira. E tem uma mente brilhante, admirada por todos, uma mente que não falha… Um dia, porém, a meio de uma conferência, há uma palavra que lhe escapa. É só uma palavra, um brevíssimo lapso. Mas é também um sinal de que o mundo de Alice começa a ruir. 
Seguem-se as idas ao médico e, por fim, a certeza de um diagnóstico terrível. Aos poucos, Alice vê a vida a fugir-lhe. Amada pela família, unida à sua volta, é ela que se afasta, suavemente arrastada para o esquecimento, levada pela Alzheimer. 
Ainda Alice é a narrativa trágica, dolorosa, de uma descida ao abismo, o retrato de uma mulher indomável, em luta contra as traições da mente, tenazmente agarrada à ideia de si mesma, à memória de uma vida e de um amor imenso.

(Quando fui procurar a sinopse descobri que este livro está à venda por 2.9€)

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