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Ler por aí

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30
Abr22

A importância dos livros

Patrícia

Dir-me-ão vocês que os livros são importantes por inúmeras razões e terão razão em todas e cada uma delas.  Hoje, quero falar sobre a que considero a (ou pelo menos uma das) mais importantes. 

Os livros ajudam a moldar-nos enquanto pessoas.

Depois de ter recomendado a trilogia Mistborn a uma amiga não resisti a uma leitura e estive a re-ouvir todos os livros. Isto ao mesmo tempo acompanho com tristeza, raiva e incredulidade a guerra decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia e, na verdade, o estado geral da humanidade que parece cada vez mais não ter solução ou, se diz na minha terra, "mezinha". 

A humanidade precisa de heróis e heroínas, gente que mude o mundo, que o torne melhor, gente com os valores humanos e éticos certos, que saiba respeitar os outros e as diferenças. Basicamente alguém capaz de acreditar que é capaz de fazer o impossível e que tenha as motivações certas.

As motivações certas são, em primeiro lugar, responsabilidade de quem educou aquele ser humano- mas não vamos entrar por aí - e dele mesmo mas foquemo-nos no período de tempo em que somos mais permeáveis aos estímulos - a infância.

Acreditar que se é capaz de mudar o mundo? Ah, não há como uma boa história para fazer isso. 

Não vos consigo dar números e falo de cor mas lembro-me de ler qualquer coisa sobre o facto da maioria dos grandes cientistas actuais terem sido, em crianças ou adolescentes, leitores de ficção cientifica. E, se pensarmos bem, faz todo o sentido.

A imaginação, que se desenvolve de várias formas sendo a leitura uma das mais importantes, é fundamental para desenvolver coisas novas. Acreditar que se é capaz do que parece impossível não é mais que imaginar Ver aquilo em que algo ainda não é mas em que se pode tornar não é mais que imaginar.

Não querendo estragar a leitura de Mistborn a quem não leu mas vai ler mas há uma cena que fez nascer este post: num cerco a uma cidade, o exército invasor, está finalmente em condições de atacar e com pouquíssimas chances de perder e é aí que se dá a conversa de "os fins justificam os meios?" ou "o que raio estou eu a fazer em nome de uma superioridade moral que nem sequer tenho?" ou "do outro lado estão pessoas" que alguém acaba por implicar e resumir num "ele não vai atacar porque é um homem bom".  Estes livros não têm a simplicidade do "bem contra o mal" mas têm o dom de nos fazer imaginar, pensar, reflectir...e querer ser mais e melhores.

Para além de imaginar é preciso querer ser melhor (digamos que sonhar ser o Dexter não é, diria eu, o melhor dos sonhos), é preciso desenvolver valores, compreender valores a diferença entre o bem e o mal. Desenvolver um sentido de ética que se torne no nosso guia. E isto apenas para nos tornarmos adultos decentes. Para mim, os livros, são a melhor forma de fazer isto. Transmitir valores e ao mesmo tempo ensinar a pensar, a decidir por si. 

Nunca desvalorizem o poder de um livro nas mãos e na mente de uma criança (agora podia citar um outro caso em que alguém vai enfrentar um exército com um livro na mão mas não quero ser demasiado groupie do Sanderson). 

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