A arte de escolher a próxima leitura
Nunca fui capaz de escolher com antecedência as minhas leituras. Não há cá listas de livros para ler durante o mês ou o ano (quer dizer, listas até há mas não existe a menor esperança de alguma as seguir) nem há sorteios e muito menos dou a outro a escolha da minha leitura. As únicas excepções que abri foi quando participei em clubes de leitura em que o livro era escolhido pelo moderador para ser analisado e discutido. Apesar de terem sido experiências de imensa aprendizagem vi-me bastantes vezes sem vontade de pegar naquele livro, naquela altura.
Assim que acabo um livro gosto de escolher, muitas vezes apenas mentalmente, a próxima leitura. Mesmo que depois não lhe pegue durante uns dias - há livros que precisamos de tempo para digerir - gosto de saber o que vou ler. Geralmente a escolha recai sobre algo diametralmente diferente do que acabei de ler. A não ser quando estou a ler uma saga e tenho à mão o próximo volume, gosto de variar leituras.
Quando chega a hora de começar a leitura - como disse antes o tempos entre dois livros é bastante variável mas o mais comum é ser no dia seguinte - dá-se a verdadeira escolha: começo a ler aquilo que me apetecer na altura.
Eu sei, isto foi um autêntico anti-clímax. Mas é a verdade. Escolher um livro é perceber qual é o meu estado es espírito naquela altura. Estou com disponibilidade mental e coragem para começar a ler um livro desafiante, difícil e que me faça pensar? Tenho em cima da mesa de cabeceira o Viagens de Olga Tokarczuk à espera de um dia destes. Estou miserável e com vontade de enroscar no sofá a curtir toda a minha miserabilidade? É altura de uma releitura de um daqueles guilty pleasures. Estou à beira da loucura, cheia de trabalho, sem tempo e a precisar limpar a cabeça com eficácia e rapidez? Preciso de um bom livro de fantasia. Eventualmente um policial. Não estou em nenhum destes extremos? Talvez um clássico, um romance, enfim é pegar no livro, olhar-lhe e pensar "porque não?".