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Ler por aí

Ler por aí

23
Set25

Outono

Patrícia

Nem sei desde quando passei a gostar tanto do outono e do inverno. Sei que o fim do verão é sinónimo de energia. Sei que me sinto bem mais feliz quando o frio começa a chegar.  E sei que adoro os primeiros dias de chuva. E os outros também. Gosto de chuva. Gosto de frio. Gosto das cores do outono. Gosto da promessa de início de Setembro, dos dias a ficar pequenos. Sim, aparentemente gosto de quase tudo o que a maioria das pessoas detesta. Mas não me odeiem já. Aquilo que vocês sentem agora, sinto eu em Março com a promessa de dias de calor interminável pela frente. No fundo, somos iguais, só não gostamos das mesmas coisas. 

E claro que Outono é sinónimo de livros. Não só porque começam a sair as novidades todas, para onde quer que nos viremos há um livro que queremos ler, outros que nos espicaçam a curiosidade, mas também porque se inaugura o tempo do sofá e da mantinha, coisas que combinam com livros (bem, mas há poucas coisas que não combinem com livros) 

Não sou muito de TBR's mas neste outono espero ler bons livros e tenho planos.

Para já estou a ler o Lucy, de Jamaica Kincaid. Nem sei bem porque peguei neste livro, para ser sincera, estou a gostar mas não será um daqueles livros memoráveis.

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Porque a situação no nosso país (e no resto do mundo) me incomoda muito vou dedicar-me à investigação jornalística do Miguel Carvalho. Acredito que a luta se faz com conhecimento e será através dele que irei lutar contra a destruição da democracia. Não tenho grandes ilusões e estou bastante pessimista em reacção ao futuro mas pelo menos quero lutar contra a desinformação (e ter, por exemplo, lido de fio a pavio o programa eleitoral deste partido já me deu bastantes argumentos em conversas com quem pensava votar neles).

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O novo livro do Afonso Reis Cabral ficou imediatamente no meu radar, um livro (também) sobre livros é sempre uma boa notícia e o Afonso escreve muito bem. 

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E porque quero chegar o fim do ano com todos os livros que comprei na feira do livro de Lisboa lidos, porque a Carson McCullers escreve bem para caraças e porque me apetece, este Relógio sem Ponteiros está aqui junto de mim, pronto para ser lido.

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E vocês? O que andam a ler e o que planeiam ler nos próximos tempos? Contem-me tudo.

 

22
Set25

Líbano, uma biografia, de Safaa Dib

Patrícia

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Da terra dos cedros à imigração para Portugal, a história de uma família e de um país

Acho que o título (e subtítulo) deste livro é certeiro. Confesso que me desconcertou de início (mas é um livro sobre um país ou uma saga familiar?). Por algum motivo achei, durante muito tempo, que isto ia ser uma saga familiar, levemente baseada em factos verídicos. Assim que soube o título percebi o meu engano. Este livro é a história do amor da família Dib  pelo Líbano. E é a biografia do deste país contada por uma das suas. E o equilíbrio entre estas duas facetas é delicado. Ao longo de muitas páginas desejei que a balança pendesse para o lado familiar, mas, chegando ao fim, percebo que ainda bem que isso não aconteceu. Este é um livro que equilibra a exposição e a privacidade de forma exemplar.

Assim, ficamos a conhecer um pouco da história do Líbano, das razões e tensões do médio oriente (numa altura em que isso é fundamental) e de ouvir, nas palavras de uma miúda de uma família de imigrantes como se tornou portuguesa.

Levei o meu tempo a ler este livro e mesmo assim, não absorvi um décimo do que ali está.

Sem dúvida, recomendo a sua leitura.

*****

As redes sociais permitem-nos conhecer algumas pessoas. Lembro-me perfeitamente de quando conheci a Safaa e, apesar das redes terem bastante influência nisso, já que todas as pessoas com quem eu estava me chegaram através deste blog e das redes, foi ao vivo e a cores que a conheci durante o evento de apresentação em Portugal de um dos meus escritores de eleição. Anos depois comecei a ler as suas crónicas no JE e a segui-la no Twitter e no Bluesky. Acompanhei de longe algumas das suas aventuras, quer na Casa dos Cedros (onde nunca consegui ir, com pena minha, mas foram anos de reclusão por estes lados) quer na política. E a nossa “relação” fica por aí, vamo-nos lendo nas redes (por motivos óbvios mais eu a ela, que o contrário) e é só.

 Mas confesso que fiquei feliz e curiosa quando soube que ia lançar um livro. E, um pouco contra os meus princípios, comprei-o na sessão de lançamento na feira do livro. Contra os meus princípios porque tenho pouca paciência para a relação leitor-escritor. E geralmente fujo dessa armadilha que é escrever algo sobre um livro sabendo que, inevitavelmente, o escritor vai ler (e isso faz com que algumas vezes tenha surpresas, receba emails ou comentários que me deixam sempre envergonhada). E contra os meus princípios porque, na verdade, não me interesso por aí além pela vida das pessoas que escrevem livros (raramente compro os livros autobiográficos dos escritores que admiro). Por isso fiquei bastante aliviada quando percebi o que este livro era e por poder, com toda a honestidade, dar os parabéns à Safaa pela coragem de partilhar connosco a história da sua família, a experiência de emigração/imigração, especialmente numa altura em tantos precisam perceber e criar alguma empatia com essa realidade.

07
Set25

Tenho (acesso a) demasiados livros

Patrícia

Deixem-me explicar, antes de começarem a abanar a cabeça ou a insultar-me.

Quem é da minha idade ainda se lembrará da carência de livros. Quem, como eu, vivia longe das bibliotecas e das livrarias, quem não tinha livros novos todos os dias ou sequer todos os meses, mesmo quem tinha pais que não lhe negavam livros, como os meus, ou tinha amigos e família que contribuíam para as maravilhosas pilhas de natal e aniversário, cresceu com uma certa carência de livros novos. Não entravam na minha casa livros com a cadência com que eu os lia. E por isso tinha que reler. Tinha que ler livros que não eram bem para a minha idade e vasculhar as estantes lá de casa ou da casa de amigos e família. E a verdade é que isso foi bom, por vários motivos.

Hoje em dia tenho acesso a mais livros do que consigo ou conseguirei ler nem que viva 3 vidas e numa delas leia o dia inteiro. E é maravilhoso ter a possibilidade de comprar os livros que quero ler ou ir busca-los à biblioteca ou ter uma série de amigas que me emprestam os livros das suas bibliotecas. Mas…

Mas… temo que este acesso quase infinito a livros (o meu sonho de infância) fez com que me tenha tornado uma leitora preguiçosa. É raro pegar em livros que não me apeteça ler, é raro passar tempo em livrarias à procura de achados, é raro descobrir pérolas escondidas nas estantes lá de casa.

Raramente me oferecem livros (vouchers, sim, abençoados). Ou quando o fazem são livros que eu escolho. E isso é óptimo, i get the point, nunca erram mas também não sou obrigada a pegar em nada fora da minha “zona de conforto”. E a verdade é que nada estimula a criatividade como o aborrecimento o que é como quem diz, em linguagem literária, "isto foi afinal uma óptima supresa". E a minha vida literária anda a sentir falta de surpresas. De descobrir "livros da vida" por acaso. De ler sem a pressão das expectativas. 

É maravilhoso ter um grupo de amigas que me vai informando regularmente das novidades, dando sugestões mas amiúde sinto necessidade de parar e ler algo totalmente diferente.

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