O menino que perdeu a guerra, de Julia Navarro e outras reflexões
Pablo não percebe porque tem que deixar a mãe mas sabe que aquela mulher, que não fala espanhol mas russo, é a coisa mais parecida com uma mãe nesta sua nova vida. Anya não hesita em cuidar daquele menino, que já sente como seu. Clotilde não sabe se o filho alguma vez a perdoará mas sabe que nunca desistirá de o procurar.
Clotilde e Anya, duas mulheres, mães do mesmo filho, com paixão pela arte e pela cultura, em luta e desacordo com os regimes dos seus países.
Com a Espanha de Franco e a União Soviética de Estaline como pano de fundo, a Julia Navarro conta-nos uma história sobre o que é ser livre, no pensamento ou nas acções, sobre humanidade e falta dela, sobre amor e amizade, sobre maternidade.
Na verdade este tipo de livros já não é bem para mim. Há uns anos teria adorado, eu sei. Uma história bem contada, um tema de fundo interessante e teria umas boas horas de leitura. Mas já muitos livros do mesmo género me passaram pela mão e sei que este não vai ser um livro memorável. E honestamente, tenho pena. Valorizo muito o prazer da leitura de uma história bem contada, envolvente, que me faça esquecer a realidade e me leve para outros tempos e outras terras. E cada vez sinto mais dificuldade em sentir isto. Não porque as histórias estejam mal contadas (bem, algumas estão) mas porque sinto estar, muitas vezes, a ler o mesmo livro. É, claramente, um problema de "não és tu, sou eu".
Este sentimento ficou ainda mais patente porque o livro que estou a ler neste momento, o Lobos (Tânia Ganho) é um desses que leio sofregamente desde as primeiras páginas e que facilmente leria de uma assentada não fosse o a vida em geral (e o trabalho em particular) acontecer.