Fazer as pazes com os livros
Hoje devia vir aqui escrever sobre um dos livros que li mas na verdade não me apetece fazê-lo. Anos houve em que usava este blog como quase todos usamos o goodreads: como uma forma de manter um registo dos livros que vou lendo ao longo do ano. (Às vezes ainda vou ler opiniões antigas e fico com uma ideia do que senti quando o li mesmo se o texto não é assim tão explícito) Deixei de o fazer há uns anos.
Escrevo o que quero, quando e se me apetece. E isso inclui as opiniões sobre livros. Às vezes não me apetece, outras é mesmo falta de tempo - quando o tenho já passou a oportunidade ou apetece-me escrever sobre outro livro (tenho para mim que isso é o que vai acontecer com o O Pacto da Água, de Abraham Verghese, de que gostei muito mas que já está na pasta dos livros lidos e não nos que ainda mexem comigo). Há, no entanto, alturas em que fico efectivamente sem palavras. Nem sempre tenho palavras que façam justiça àquilo que determinados livros me fizeram sentir. Aconteceu-me, por exemplo, com o "por um desejo imenso" do Frederico Lourenço que nunca me canso de sugerir mas sobre o qual nunca escrevi. Há livros que pedem discussão. Às vezes preciso mesmo de ter o contraponto para chegar conseguir fechar um determinado livro.
Discutir um livro é compreendê-lo. Não significa que precise de que alguém mo explique mas o acto de começar a falar, as tentativas de explicar o que gostei ou não, porque gostei, porque determinada passagem me emocionou ou tocou, onde o livro me perdeu ou me encantou é importante sempre mas fundamental em determinados livros. Ouvir alguém com uma opinião totalmente diferente da minha obriga-me a olhar de outra forma, ver outras perpectivas, outros ângulos para além dos óbvios (para mim). Falar com alguém sobre os livros que leio é, tantas vezes, uma forma de fazer as pazes com determinadas livros.
Estou nessa fase com o livro que acabei de ler hoje de manhã.