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Ler por aí

Ler por aí

28
Dez23

um género de final

Patrícia

O ano acaba mas ainda há tempo para alguns balanços. Os bons, claro. Quantos livros lemos? De quantos desistimos? Teremos atingido os objectivos a que nos propusemos no início do ano? É tempo de olhar para o objectivo do goodreads e sorrir porque a app nos diz que o atingimos. Ou porque ficámos perto o suficiente,

Mas que não nos esqueçamos de fazer as perguntas importantes: tornei-me uma melhor pessoa? Cresci? Fui gentil, empática? Tornei o meu mundo (e o dos outros) um bocadinho melhor? Fui feliz? Fiz alguém feliz? Estou em paz?

E que todos aqueles para quem 2023 não foi simpático, que este seja um tempo de esperança renovada e que só o facto de virar a página de um calendário ajude a respirar um bocadinho melhor.

Mas voltemos aos balanços. Este é, afinal, um blog sobre livros. E de livros, falemos.

Quando olho para os números do goodreads vejo que atingi um muito respeitável número de livros lidos (mais um outro meio lidos mas esses não contam) e no entanto sinto que este não foi um bom ano de leituras em termos de quantidade. Houve alturas em li imenso e muitas outras em que não tive energia para pegar num livro, em que procrastinei, em que preguicei. E é, acima de tudo, esse o sentimento que fica - que não li, nem de perto nem de longe, aquilo que devia, que queria, que podia ter lido.

Passei demasiado tempo a ver más séries de TV, demasiado tempo nas redes socias e pouco tempo mergulhada nas páginas de um livro.

Mais que números (há livros que se leem facilmente num dia, outros que nos desafiam durante semanas - os números absolutos não significam nada) é a esse sentimento a que almejo - sentir que sou leitora a sério, que me torno (a cada livro) numa leitora mais completa e sentir que me diverti a ler. É tão bom estar abolutamente embrenhada num livro. É esse o meu objectivo. Quero lá saber se leio muitos ou poucos livros.

Não me queixo da qualidade de livros que li este ano, apesar de algumas desilusões, li livros que me marcaram. Educated/Uma educação, de Tara Westover; Pátria, de Fernando Aramburo; A história de Roma, de Joana Bértholo; Os Memoráveis, de Lídia Jorge; As Primas, de Aurora Venturini; Rapariga, Mulher, Outra, de Bernardine Evaristo; A menina Invisível, de Rita Cruz ou o Um cão no meio do caminho, de Isabela Figueiredo fizeram o meu ano melhor.

Olho para a lista de livros que li e vejo mais escritos por mulheres, mais livros de escritores portugueses e fico feliz por saber que isso aconteceu de forma natural, com consciência mas sem esforço.

Ainda acabarei mais dois livros este ano: o Revolução, de Hugo Gonçalves e Coraline, de Neil Gaiman. Estou quase a terminar ambos e posso dizer desde já que vou acabar o ano de leituras em grande, ambos são excelentes.

 
24
Dez23

Paz

Patrícia

Gosto da paz do silêncio das manhãs. Acho que me repito. Aqui no blog como na vida sinto-me sempre a voltar ao mesmo sítio. Apenas um pouco mais velha. Mas dizia eu que gosto deste momento, deste silêncio. Uma pausa na loucura do dia, um adiar da vida quotidiana nem que seja apenas por alguns minutos. Café, essa constante da vida, às vezes o computador (muitos posts têm sido escritos neste momento) e tantas vezes um livro, um jornal ou uma janela aberta para o nascer do dia. Na fase mais complicada da minha vida, estes momentos matinais eram a única forma de ter algum tempo para mim, de me equilibrar e me manter à tona. Ainda hoje são, de alguma forma. Há quem corra, quem vá para o ginásio, eu procuro o silêncio. Sempre fui assim. Em miúda ainda equilibrava a coisa, tanto precisava de silêncio e solidão como de loucura, de brincadeira na rua, de amigos para laurear a pevide. Hoje nem tanto.

Não ando a conseguir ler muito, talvez por isso hoje a minha pausa esteja a ser passada com as palavras escritas e não com as palavras lidas. Quando o tempo, esse sacana, me deixa, é a cabeça que me impele para coisas mais fáceis. Eu sei o que é, a necessidade de não pensar muito tem-se sobreposto. Sinceramente só quero passar esta fase das festas e entrar novamente na minha rotina.

Um post um tanto triste para o dia 24 de Dezembro, não é? Ainda há pouco vos disse que o Natal me deixava à beira de um ataque de nervos e hoje é o auge disso. E a verdade é que vejo à minha volta tantas pessoas com este mesmos sentimentos ambíguos de ansiedade, felicidade e tristeza. Uns com verdadeiras razões para tal, outros como eu, que nestes dias quase sucumbem à depressão dos dias tristes.

Que sobrevivamos a mais uma reunião natalícia. Que os sorrisos se acabem por tornar verdadeiros, que os abraços sejam apertados e que tudo seja mais fácil do que antecipamos. E que haja livros novos para nos alegrar a vida. E saúde, amizade e silêncio. Feliz Natal, malta.

22
Dez23

Odeio o Natal

Patrícia
Determinadas datas festivas (vá, quase todas) deixam-me ansiosa por antecipação. O Natal é, talvez, a que mais me deixa à beira de um ataque de nervos.

Não é pelo trabalho que dá, sempre gostei de preparar tudo, nem pelo trabalho de comprar presentes, coisa que adoro fazer, mas porque sair da rotina é algo com que a minha mãe – e por consequência, eu – não lida bem, o que me faz ter que compensar isso de forma excessiva – e por mais que já me tenha habituado ao papel de palhacita, não é algo que me saia naturalmente ou que me deixe confortável. Além disso cansa imenso, acabo sempre estes dias pejados de eventos sociais como se tivesse levado um enxerto de porrada.

Um dia sentir-me-ei à vontade e com vontade de escrever um pouco sobre como é viver com alguém que tem demência, mas hoje ainda não é o dia. Hoje falemos de Natal e de livros, claro, que este é um blog que trata de coisas verdadeiramente importantes como o facto de que um livro (ou mais, vá) pode salvar o Natal.

Em primeiro lugar temos que concordar que um livro é o único presente perfeito que existe. É um facto e nem sequer merece muita discussão. Acho que há posts suficientes neste blog onde digo que oferecer um livro é uma prova de amor pelo que não o vou repetir, mas é outro facto. Portanto ofereçam livros (com talão de oferta) a quem gosta de livros (não, ninguém que goste de livros tem livros a mais), ofereçam livros a quem não gosta lá muito (escolham bem e com amor – há, por exemplo, novelas gráficas que funcionam muito bem nestes casos), ofereçam livros aos miúdos (isso é quase um serviço público) e aos adolescentes (a quem, através de um livro podem dizer coisas que de outro modo não conseguiriam). Além disso um livro é um presente fácil de comprar, geralmente não esgota e numa só loja despacham a malta toda (salvo seja, claro).

Depois temos que concordar que o melhor momento do Natal é quando, no dia 25 à tarde ou à noite, depois da casa arrumada, com luzes de natal ligadas e ainda com uma mesa cheia de gordices natalícias, nos enroscamos no sofá a ler a um livro e estamos finalmente em silêncio. Desde pequena que este é o meu momento favorito. Na altura em que o dia de Natal ainda era passado na casa da minha avó com toda a família, o momento em se sentava num canto,  escolhia um da pilha de livros novinhos em folha que tinha recebido e começava a ler era o momento em que me sentia mais eu e estava mais feliz.

Desde muito cedo toda a gente percebeu que livros eram a minha cena pelo que acabava cada Natal com uma pilha de uma dúzia de novas leituras e aqueles dias em que sabia que tinha um livro ainda por ler eram dias felizes.

Oferecer livros tem outra vantagem e esta para quem compra – a probabilidade de não haver um livro para oferecer é absolutamente desprezível. Há sempre uma alternativa, as livrarias estão abertas até quase à hora da consoada (os presentes comprados na 25ª hora têm outro encanto e importância, não é?), podem ser comprados com antecedência, online, no supermercado e até nas estações de serviço. É um bocadinho como o vestido preto, ofereço um livro e nunca me comprometo.

Ah e claro, um livro comprado para oferecer pode sempre ficar para nós – há coisas que acontecem, seja encontrarmos outro presente para a pessoa, seja porque aquele era um presente-reserva-não-me-vá-ter-esquecido-de-alguém ou porque não naquele momento não tínhamos mais nada para ler e era absolutamente fundamental ler um livro. Acontece. Pelo menos a mim. Nunca tenho nada para ler.

 

A todos um feliz Natal, com paz, saúde, gordices e, claro, livros.

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