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Ler por aí

Ler por aí

30
Nov23

it´s been four chapters since I checked my phone

Patrícia

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A verdade é que vou poucas vezes a livrarias. Apesar de ler bastante (em termos genéricos, claro, que eu não considero ler tanto assim) não passo muito tempo a procurar livros nem tenho o tempo que gostaria de ter para me perder nas livrarias. Ainda assim às vezes acontece ir comprar um presente e folhear livros. Foi assim que encontrei este Quem Sabe, da Pauline Delabroy-Allard. Gostei da premissa e comprei-o para oferecer. O tempo passou, o talão de troca expirou e decidi ficar com o livro para mim (e comprar outro para oferecer à minha amiga, com talão de troca em dia). Excelente decisão porque estou a gostar imenso do livro. Publiquei esta foto nas minhas redes sociais e, claro, o sucesso foi o marcador de livros. 

O marcador, comprei-o na minha mais recente viagem de trabalho, juntamente com alguns livros. De há uns anos a esta parte decidi trazer sempre um livro de um escritor "local" quando vou a outro país. Desta vez e porque a livraria onde fui era um mundo maravilhoso de livros e merchandise para quem gosta de livros (nós por cá exploramos muito pouco esta faceta do livro-objecto e das merdices que nós leitores adoramos) trouxe também algumas coisas, incluindo este marcador.

Auto-explicativo, faz-me pensar na dificuldade de concentração que todos sentimos - não vale a pena dizerem que não - e no apelo incessante que a internet no geral e as redes sociais em particular exercem sobre nós. Todos teremos a nossa própria forma de lutar contra essa perniciosa influência que nos rouba o tempo para ler ou para fazer outras coisas de que gostamos. E todos encontramos algum tempo para fazer essas coisas de que realmente gostamos. Ou não, mas isso também é uma escolha.

Mas e a miudagem? Ler é maravilhoso mas a verdade é que às vezes precisamos estar aborrecidos para o perceber. Nada estimula tanto a leitura como o "não tenho nada para fazer". Mas hoje em dia a criançada já tem poucos momentos disso, desse ócio que estimula a imaginação e que tantas vezes dá em asneirada da grossa (o chamado "tempo livre para inventar") ou em "só vou ler isto porque não tenho mesmo mais nada para fazer".  E quando nós, adultos, não damos o exemplo e raramente pegamos num livro...bem, como queremos que eles se tornem leitores? 

 

30
Nov23

O Monte do Silêncio, de Francisco Camacho

Patrícia

O_monte_do_silencio.jpg

Nunca tinha lido nada do Francisco Camacho mas as opiniões da malta da Roda do Livros fez este "O monte do silêncio" saltar para o cimo da pilha. Quando tive que decidir o livro que me faria companhia no regresso a casa (mais 8h dentro de uma avião sem mais nada para fazer que não dormir ou ler) foi neste que peguei. E bem. Posso já dizer-vos que é o livro ideal para ler todo de uma vez (portanto quem estiver a tentar cumprir as metas literárias a que se comprometeu no inicio do ano pode pegar-lhe à vontade - vai dar uma boa ajuda). Não é um livro isento de defeitos - lá chegaremos - mas tem um óptimo ritmo e uma premissa excelente. Atrevo-me a dizer que a premissa é mesmo o seu ponto mais alto.

Diogo é o nosso pouco confiável narrador. Não é que ele nos minta propositadamente mas nem ele mesmo confia na sua memória que, devido a drogas e outros senãos, anda pela rua da amargura. Como dizia, é Diogo quem nos conta a história da sua família em geral e a do seu papel na morte de Norma. Parte de uma família disfuncional, Diogo vive uma vida vazia e confortável até que se torna suspeito na morte de Norma, a sobrinha da empregada que foi semi adoptada pelo patriarca da família, que manda em tudo e todos. E como o presente é tantas vezes explicado pelo passado Diogo tem que mergulhar em si mesmo para perceber e revelar todos os segredos da família. 

Este livro tem tudo. Personagens interessantes, um cenário maravilhoso, temas pertinentes e actuais. Talvez o problema deste livro seja ter tudo em demasia excepto o tamanho. Mais umas duzentas páginas e o autor tinha tido oportunidade de dar um pouco de mais corpo e alma a esta gente, que o merecia. Eu sei que hoje em dia um livro tem que ser rápido (ainda por cima isto é uma espécie de Thriller) e não muito grande ou corre o risco de nunca se vender mas eu sei lá, sou dos leitores que gosta de dar tempo aos personagens para se desenvolverem, que gosta de sofrer com eles, que precisa acreditar que aquilo é possível e que é verdade. E neste caso até acho que grau de verosimilhança deste livro é bastante alto - mas também acho que demasiadas partes foram cortadas ou que nunca foram escritas.

Mas fica já a minha sugestão para o oferecerem a alguém neste Natal. É o tipo de livro capaz de criar leitores. Bem escrito, tem um bom ritmo e é de leitura fácil; muito nosso, é natural que nos consigamos rever nestas páginas; cheio de voltas e reviravoltas capazes de manter até um não leitor interessado. 

21
Nov23

Caderno de Memórias Coloniais, de Isabela Figueiredo

Patrícia

Caderno-de-Memorias-Coloniais.jpeg

"A minha terra havia de ser uma história, uma língua, uma ideia miscigenada de qualquer coisa de cultura e memória, um não pertencer a nada nem a ninguém por muito tempo, e ao mesmo tempo poder ser tudo, e de todos, se me quisessem, para que me merecesse ser amada; quanto custava o amor?"

 

As memórias de Isabela Figueiredo fizeram-me companhia num voo longo de avião. Pude lê-las com tempo e de quase uma penada. A ideia de ter pela frente 8 horas de solidão é-me estranhamente apelativa. 8 horas sem notificações no telefone nem possibilidade de contacto. 8 horas minhas e só minhas, em que não me sinto de forma nenhuma culpada por ler e dormir como se não houvesse amanhã. Acho que percebem o quão cansada me ando a sentir. É um bocado triste ansiar pelo momento de ficar fechada num avião (e acreditem, não era o destino que me atraia - de todo - foram dias de intenso trabalho, longe de casa e sem tempo ou forças para fazer algo mais) mas é a pura verdade. 

Adiante.

As memórias de Isabela Figueiredo fizeram-me companhia num longo voo. E que bom foi. Livraço. Não é surpreendente. Sou fã assumida da escritora que agora também admiro pela coragem de se expor nas páginas deste livro. O retorno das colónias após o 25 de Abril marcou uma (ou várias) geração. Cá e lá. Como bons portugueses que somos gostamos de nos convencer que lidámos com tudo (colonização, descolonização, retorno, aceitação) da forma perfeita. Tão perfeita que nem vale a pena falar nisso. E é por isso que testemunhos como este, da Isabela Figueiredo, são tão importantes. Não vou falar do conteúdo do livro, não acho que seja relevante para a mensagem que vos quero passar. Prefiro destacar a importância do testemunho, a beleza das palavras e da forma como a escritora se mostra nestas páginas. Imagino que não tenha sido fácil. Imagino que tenha sido necessário. Não sei bem o que lhe diria se tivesse a oportunidade de me sentar a beber um café com ela mas acho que seria qualquer coisa do género "o amor transborda desde livro" antecedido de um "obrigada, foi um privilégio lê-lo".

Acabo a dizer o mesmo que digo sempre que falo de "O retorno", de Dulce Maria Cardoso ou do Gente feita de terra, da Carla M. Soares: eis um livro que podia ser lido nas nossas escolas, não apenas pela qualidade literária mas também pela ligação ao nosso passado recente e à importância que a memória do fomos tem para o nosso futuro.

"eu era ali a figura da terra vencida que pode saquear-se"

01
Nov23

Jánão dá para ignorar que é quase Natal, não é?

Patrícia

Eu tento esquivar-me ao Natal o mais que posso. Há anos que o Natal deixou de ser uma época feliz. Acho que já nem ambiciono por essa felicidade, bastava-me alguma paz. Este ano vai ser ainda um bocadinho mais difícil que nos outros anos. Mas isso não significa que tenhamos que nos deixar levar pela tristeza. Está quase na altura de enfeitar a casa (depois de dia 8, senhores, depois de dia de Nossa Senhora da Conceição, ok?) coisa que não sei como vou fazer com 2 gatos em casa. Pois é, a família aumentou e agora, não tenho apenas o ZéGato, esse bicho que aparece no topo deste blog, mas também uma irmã dele, a Miss Black, que se mudou recentemente cá para casa. Talvez vos conte esta história nos próximos dias. Hoje não me apetece.

Na verdade hoje só passei cá (mentira, estou a trabalhar - há quem trabalhe nos feriados - e este post foi agendado, coisa que deveria fazer mais, eu sei) para vos lembrar (como se precisassem disso) que o melhor presente do mundo são livros. Ou coisas relacionadas com livros. A grande maioria das pessoas gosta. Portanto a primeira coisa que têm  a fazer é pensar nas pessoas a quem vão oferecer um presente e considerar a quem podem oferecer um livro. Não tem que ser um romance, há toda uma panóplia de livros que podem ser oferecidos. Com a vantagem que podem ser oferecidos a homens (é tão difícil oferecer presentes a homens).

Livros de receitas, por exemplo. São um bocado caros, é certo, mas podem ser uma opção. E não se esqueça que há sempre um alfarrabista onde podem comprar algum que foi um presente de Natal que alguém não quis,

Livros de banda desenhada. Agora chamamos-lhes Graphic Novels mas basicamente é a mesmo coisa a que chamávamos BD ou quadrinhos (influência brasileira de onde nos chegava a maioria das revistas neste formato). E há coisas maravilhosas neste formato. Umas mais caras, outras perfeitamente acessíveis. Histórias brutais. Histórias bonitas.

Não ficção. Ensaios, análises da actualidade, livros de História ou de Política.

Há imensos livros de comediantes. E é sempre bom oferecer riso.

Biografias. São na sua maioria caras, é certo, mas ficam bem em qualquer estante. E alguém que não gosta de ler pode gostar de ter na estante a biografia do seu músico ou pintor favorito.

Poesia. Contos. Romances. 

Ninguém me convence que não há um livro para cada pessoa. 

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