em jeito de partilha...
Há um vazio estranho neste blog que, durante anos, viveu da minha opinião dos livros que eu ia lendo. Não foi apenas a falta de vontade de estruturar uma opinião, foi o perceber que já não me apetecia escrever sem o fazer. Comecei a achar vazio o exercício de escrever sobre um livro que acabei de ler sem spoilers. Não tendo qualquer vontade de vender livros, sem laços que me atem a uma qualquer obrigação (bem haja a minha teimosia de nunca ter querido nem procurado qualquer género de parceria com editoras ou escritores - que me desculpem o silêncio os que me querem enviar livros), deixei de me preocupar com a partilha do que ando a ler, voltei ao caderninho como registo e quando me apetece escrevo uma ou duas frases mais genéricas, partilho nas redes sociais uma ou outra foto e não faço mais que isso. Às vezes apetece-me discutir um ou outro aspecto de um livro - ou um tema que me desperta a atenção - mas sei que a maioria das pessoas procura os blogs antes da leitura de um livro e não depois, pelo que me censuro e opto por não o fazer em forma de post. Por outro lado apetece-me falar de outras coisas e é isso que acabo por fazer. No meu jeito tortuoso raramente escrevo directamente sobre o que me consome na altura mas já partilhei mais sobre mim nos últimos meses que em anos de blog (lembro-me de uma vez me terem pedido para participar numa tag qualquer e se terem queixado que não conseguiam descobrir nada sobre mim "extra livros" através do blog - fiquei contente porque sempre foi esse o meu objectivo).
Mas continuo a ler. Aliás, acho que ultimamente até tenho lido mais. Li o Histórias Bizarras da Olga Tokarczuk, um livro de contos que adorei e que merecia ser discutido e dissecado conto a conto. Li o Cidade da lua Crescente da Sarah J. Maas que me foi oferecido por quem sabe que eu adoro fantasia e que, apesar de nunca ter lido um livro deste género na vida, faz questão de me oferecer fantasia - e isso é uma prova de amor. Li o A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery de que não fiquei fã. Ando a ler o Pátria, do Fernando Arambuco, que é um livro do caraças e do qual provavelmente me vão ouvir falar muitas vezes porque é impossível que não entre directamente para a lista dos "livros da vida". Depois de uns tempos a pôr em dia os podcasts de que gosto (e que têm o dom de aumentar a lista de livros que quero ler) regressei aos audiobooks com o maravilhoso, incontornável, imperdível Born a Crime, do Trevor Noah. E digo-vos que ouvir este livro é a forma certa de o ler. Maravilhoso, divertido, sensível, tristíssimo, capaz de nos tirar e depois devolver a fé na humanidade.