Nas últimas semanas as minhas leituras voltaram a ser poucas. Muito trabalho, muitas coisas para fazer, muito scrabble e sobrou pouca vontade para avançar nas leituras. Acho que no último Diário de Leituras andava a ler o Misericórdia, da Lídia Jorge que foi tudo aquilo que achava que ia ser: duro, triste e maravilhoso. A homenagem que está naquelas páginas é bonita, um tanto esperançosa demais para quem vive aquela realidade mas essa é uma das magias daquele livro: a forma como consegue transmitir alguma esperança sem esconder nem romantizar demasiado a realidade. Gostei.
Entretanto voltei a David Vann, desta vez com o Aquarium e devo dizer-vos que este homem tem problemas graves. A forma como consegue fazer ainda pior é impressionante. Se eu tinha achado o A ilha de Sukkwan angustiante e triste, este achei revoltante, enquanto o lia andei passava de uma vontade de abraçar e proteger aquela menina para uma raiva imensa. O homem escreve bem mas acaba connosco. E o mais triste de tudo é saber que a realidade supera sempre a ficção.
E por falar em mães, nos últimos dias dediquei-me a terminar o Mãe, doce mar, do João Pinto Coelho e devo dizer-vos que gostei muito. Bastante diferente dos outros livros do escritor - e sim, isso para mim é um ponto positivo, gosto quando não estou sempre a ler "o mesmo livro" - mas não fica atrás de outros do escritor. O meu preferido continua a ser o Os Loucos da Rua Mazur mas gostei bastante de conhecer Noah, Petience e Frank e confesso que o final me surpreendeu (sim, também passei parte do livro a achar que era óbvio) apesar de ser curiosamente credível. Muitas vezes o final dos livros cai-nos no colo e a coisa não cola assim tão bem mas neste livro é ao contrário, as peças encaixam bem e a imagem final não é assim tão surpreende como nos parece à primeira vista. Mas o raio do livro é triste que dói. E daqueles bons para discutir e esmiuçar.
Em áudio ando a ouvir o The Lost Metal em doses homeopáticas. Eu oiço audiobooks quando estou a conduzir e vou sozinha coisa que não tem acontecido nos últimos dias e, porque quero muito continuar a seguir as aventuras de Wayne e companhia, tenho tentado ouvir um pouco antes de adormecer. O problema é que sou como as crianças, começam a contar-me histórias e adormeço. Mas a coisa vai.
O livro que me vai acompanhar até ao final do ano é o Terrarium (de João Barreiros e Luís Filipe Silva), O livro de ficção cientifica em português. Confesso, não conhecia até mo terem oferecido na troca de presentes da Roda do Livro. E não resisti a pô-lo no cimo da pilha do que tenho por ler e fazê-lo descaradamente passar à frente dos outros todos.