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Ler por aí

Ler por aí

22
Ago21

Audiobooks - uma nova ou antiga forma de ler?

Patrícia

Se os ebooks ainda não geram consenso e há quem não os considere livros, os audiobooks são claramente o membro mais menosprezado e ostracizado na família literária. 

Eu sou fã.

Há uns anos dei uma oportunidade aos audiobooks e nunca esperei gostar tanto. Não oiço audiobooks para "ler mais", isso não me interessa e na verdade não leio mais por isso. Não é difícil perceberem porque há quem goste de ouvi-los: perguntem a qualquer criança se e porque gostam que lhes contem histórias mesmo depois de aprenderem a ler. Simples assim.

Eu oiço audiobooks em várias situações. Oiço no carro quando estou sozinha. São óptimos para viagens longas. Eu não consigo apenas ouvir um livro. O ideal é ter a atenção dividida em 2 actividades, uma mais mecânica. Conduzir e ouvir um oudiobook são duas coisas que conjugam lindamente. E podemos rir, até deitar uma outra lágrima, que ninguém vê. Oiço quando estou a fazer coisas chatas que não exigem que pense muito mas que exigem que não me distraia. Algumas tarefas domésticas ou mesmo algum trabalho que exige mais repetição que pôr os neurónios a funcionar também são excelentes para quando oiço um livro. O Tico e o Teco estão distraídos com a história e quando dou por isso o trabalho está feito e o tempo não custou a passar.

Outra vantagem dos audiobooks é que me fizeram redescobrir a criança que há em mim... e que adormece profundamente enquanto lhe contam uma história. Tenho imensa dificuldade em adormecer e às vezes ir para a cama (ou acordar a meio da noite) é sinónimo de ansiedade, voltas a mais na cama, muitos "mas porque é que não adormeço?" e "eu preciso dormir". A verdade é que obrigar-me a não pensar nisso (porque me concentro numa história) é, tantas vezes, aquilo que preciso para descontrair mais depressa e voltar a adormecer (valha-me o timer, que ponho em blocos de meia hora e que me permitem voltar rápida e eficazmente à parte que estava a ouvir antes de adormecer). Quando ouvir um audiobook não me adormece permite-me que aquele tempo não seja totalmente perdido e passe muito mais depressa. Não há como falhar aqui.

Mas ouvir pode ser considerado "ler"?

Acho que depende do vosso objectivo quando lêem um livro. Se é a história que vos encanta então o audiobook é uma óptima forma de "ler" - ouvir um bom narrador é uma maravilha. Aliás, o que é um escritor senão um contador de histórias? E não é a tradição oral tão importante na nossa história cultural?

A verdade é que um bom ou mau narrador consegue salvar ou destruir uma história - mas também uma revisão ou tradução. 

Tal como os ebooks não me impedem de comprar livros físicos e adorar o objecto livro, também ouvir audiobooks não me impedem de pegar num livro e ler. Os aubiobooks não substituem livros, coexistem com eles. E, no meu ponto de vista, coexistem muitíssimo bem.

22
Ago21

The Reckoners, de Brandon Sanderson

Patrícia

Captura de ecrã 2021-08-22, às 17.24.05.png

The Reckoners é uma série YA do Brandon Sanderson e, apesar de eu evitar ler YA, tinha que a ler. Optei por ouvi-la (hei-de escrever mais um pouco sobre audiobooks num dos próximos post) e os dois últimos livros fizeram-me companhia nos último meses (o primeiro tinha lido/ouvido já há algum tempo).

Steelheart é uma história de vingança, com um worldbuilding à Sanderson e que se lê muito bem. Quando Calamity aparece nos céus e algumas pessoas começam a revelar super-poderes (Epics) e o pior de si, espalhando violência, morte e medo, há quem, como o pai de David, acredite que, um dia, os Épicos heróicos chegarão e salvarão o mundo. David cresce com sede de vingança e sonha matar o épico que matou o seu pai. A melhor forma de o fazer é conseguir juntar-se aos Reckoners, o único grupo que lhes faz frente e convencê-los a atacar Stealheart, o épico que reina em New Cargo e a transformou em aço. 

Firefight é o melhor dos 3 livros. David continua a ser péssimo em metáforas e desta vez acompanha o Prof e a Tia até Babylon Restored onde se juntam a uma célula de Reckoners que tenta depor Regalia. Na verdade, o objectivo de David é reencontrar Megan e ter, finalmente, algumas respostas. Com a dose certa de novidade e reencontro, temos um cenário fantástico (Babylon restored é brutal), confrontos com épicos novos quase em cada capítulo, vilões dignos desse nome, romance qb e algumas gargalhadas. 

Em Calamity, o grande final, deixou um pouco a desejar. Depois de engonhar (termo técnico, ok?) a maior parte do livro, tudo acontece (quase) sem explicação nas últimas páginas do livro. Não foi, de todo, um final como eu espero dos livros do Sanderson.

Ainda assim a série é das melhores YA qe já li e tenho pena que não estejam traduzidas e editadas por cá. 

19
Ago21

de passagem

Patrícia

Talvez não pareça, pela ausência que tem sido perceptível, mas sou uma defensora dos blogs. Gosto desta plataforma, do que permite e da cadência com que acontece. Se estranham a última frase deixem-me explicar: a maioria das redes sociais acontece depressa, a um ritmo demasiado rápido que não permite reflexão. Todas as redes sociais "palavrosas" tornaram-se campos de batalha. Apesar das redes em geral e algumas em particular serem bolhas que não reflectem a realidade do país em que vivemos, é lá que se dão algumas das batalhas mais importantes da política actual (e os tempos em que vivemos são os mais negros da vida de Portugal em democracia) e é lá que se extremam posições políticas e ideológicas. 

Há uns anos, nos tempos áureos dos blogs, as caixas de comentários eram lugar de batalhas campais, de discussões míticas - umas mais interessantes que outras - que foram, também, uma das razões para que os blogs deixassem de ter a importância que tinham. É que dava trabalho. Dava trabalho escrever, influenciar, dava trabalho comentar e manter um argumento. Num blog e numa caixa de comentários não há problemas de limitação de caracteres. Felizmente (para os blogs e infelizmente para algumas redes sociais mais palavrosas) os blogs tornaram-se, na sua maioria, lugares calmos, sem discussões acaloradas, sem insultos deliberados. 

Fiquei por isso bastante surpreendida quando andava a dar um giro por alguns blogs e apanhei mais do que um comentário odioso e ignorante (obviamente anónimo) num post absolutamente inócuo. O que raio se anda a passar? 

Por aqui os comentários anónimos são moderados e todos os IPs ficam gravados. Tomar a decisão de moderar comentários foi algo que tive que fazer há uns tempos mas foi, de facto, o melhor. 

05
Ago21

Piranesi, De Susanna Clarke

Patrícia

piranesi.jpg

 

Quando vi que a escritora do fabuloso Jonathan Strange and Mr Norrel tinha, finalmente, escrito outro livro tive mesmo que o comprar. 

Continuamos no domínio do fantástico mas Piranesi é outra coisa. Uma espécie de fantasia mais filosófica, talvez. 

Piranesi (chamemos-lhe assim, tal como faz o Outro) é um homem que não sabe como se chama e que vive numa enorme mansão, com milhares de salas, vestíbulos e estátuas, com marés que inundam os andares inferiores. Nos andares superiores é mundo das aves e dos céus. Piranesi acredita que é o 15º ser humano daquele mundo, que naquele momento apenas ele e o Outro estão vivos e que é seu dever velar pelos 13 que vieram antes dele e de cujas ossadas toma conta. Nos encontros das terças e quintas, ele e o Outro continuam a sua busca pelo Conhecimento Supremo.

Cedo na leitura nos apercebemos de todas as incongruências desta história, que nos é contada na primeira pessoa através das páginas do diário que Piranesi vai escrevendo, em que um homem sabe coisas que não devia saber e não sabe como as sabe. Quem é, quem foi Piranesi? Quem é o 16º ser que começou a deixar mensagens escritas pela casa? 

Num livro que "primeiro se estranha e depois se entranha" é escolha do leitor lê-lo como história de fantasia ou parar de vez em quando para pensar no ser humano, nas suas escolhas, no poder da solidão e nas escolhas que nos fazem humanos. Tal como em cada bom livro de fantasia. 

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