Este não é o verão das nossas vidas
Talvez o último mês tenha sido um dos piores da minha vida, que já não vai assim tão curta. Não sei exactamente como serão os próximos, estou mais a viver no presente, dia a dia, que no futuro, esse sei lá a quem pertence. Fiquei sem chão, sem vontade para nada e, desta vez, nem ler me conseguia fazer pensar noutra coisa. Um dia falo disto por aqui, hoje não, ainda não é o dia. Os dias de verão vão correndo e este não é o verão das nossas vidas. Continuamos isolados de abraços, de beijos, de gente. Eu, pelo menos, continuo. Estou tão pertinho da tão ansiada segunda dose da vacina que até lá não me apetece arriscar, nem por mim nem pelos meus, nem pelos outros. Não estou fechada em casa, nem espero risco zero, que é coisa que não existe. Mas não compreendo qual é a dificuldade de perceber que a incidência é o número que interessa para a economia, para o turismo, para aquilo que é importante para quem se insurge e grita aos sete ventos que as restrições dão cabo da economia. A incidência é o número que nos põe e tira das listas "âmbar" dos vários países, que eles se estão a borrifar para os nossos mortos, para os nossos internados. Esses são nossos e só são importantes para quem os trata pelo nome. Para os outros são "estatisticamente irrelevantes". Ora, eu não quero fazer dos meus uma estatística. Portanto vou tendo os cuidados que acho correctos. Já nem ligo muito às restrições impostas, apenas o suficiente para não incumprir nenhuma. Há muito que decidi que até a malta cá de casa estar toda vacinada não vamos facilitar.
Este pode não ser o verão das nossas vidas mas será sem dúvida o verão que nos vai marcar a todos. 2021 está a fazer de 2020 um ano fofinho.