Isto tem tudo para ser um tema fracturante
Talvez não tanto como dobrar os cantinhos dos livros mas ainda assim este é, certamente, um tema que não gera consensos.
Eu sou das que defende que ler deve ser mais que apenas lazer, que apenas prazer. Da leitura espero aprendizagem, diversidade, crescimento. E por isso faço muitas vezes um esforço consciente para diversificar as minhas leituras, para pegar em livros que não seriam a minha primeira escolha. E muitas vezes estes acabam por ser livros importantes na minha vida, boas surpresas e com potencial para se tornarem favoritos.
Deixem-me voltar atrás. A minha área conforto na leitura sempre foi a fantasia. Recomecei a ler fantasia quando descobri aquilo a que chamam fantasia épica. Claro que tinha lido - e adorado - Tolkien, o mestre, mas depois li muita treta que não me deixava satisfeita. A verdade é que poucos bons autores do fantástico têm sido bem tratados por aqui. Em 2008/9 li as crónicas de gelo e fogo a que se seguiu um novo hiato da boa fantasia épica. Foi com Sanderson que me reconciliei com este género. Tenho descoberto "novos" (para mim) autores e isso tem sido óptimo.
Mais um passo atrás para dizer que por cá se trata a fantasia como uma leitura juvenil e que eu já passei essa fase há muito tempo. Há mais mundo na fantasia que apenas os livros para miúdos.
Os últimos anos não têm sido fáceis e pegar num livro que não seja de leitura compulsiva e que me permita viajar para fora de mim tem sido mais difícil do que alguma vez pensei. E por isso a leitura tem sido aquilo que tenho precisado: um escape, um conforto.
E não há mal nisso porque a leitura também é isso, uma salvação. Mas anseio pelo dia em que me vai apetecer e que tenha a capacidade e a disponibilidade mental para ler algo mais exigente. Porque isso também é importante.